Pedra do Sino + Ovos de Galinha + Cachoeira do Aiuruoca (PN de Itatiaia, Resende/RJ)
perto de Vale dos Lírios, Rio de Janeiro (Brazil)
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Fotos da trilha



Descrição do itinerário
VEJA O VÍDEO DESTA TRILHA:
SE ESTIVER NO CELULAR, ABRA ESTE LINK: https://youtu.be/BRmRtzJuQmc
Trilha de longa distância que atravessa a parte alta do Parque Nacional de Itatiaia com destino à Pedra do Sino (nono cume mais alto do Brasil, segundo o IBGE), à formação rochosa chamada de Ovos de Galinha e à cachoeira do Aiuruoca - podendo ser ampliada com outros pontos no meio do caminho.
Vale uma explicação pra quem não conhece o Parque Nacional de Itatiaia: este é o parque nacional mais antigo do Brasil, criado em 1937 no governo Vargas. O parque abrange o último maciço mais alto da Serra da Mantiqueira, no sentido Nordeste, que é o Maciço do Itatiaia. Ele é diferente porque não é um corpo em formato de espigão (como a Serra Fina e o trecho Marins-Itaguaré, que ficam a Sudoeste, também integrando a Mantiqueira), mas sim um pequeno planalto rodeado por morros. A presença de rochas alcalinas com calcário também confere um visual único, com ranhuras e círculos nos morros que são resultado da erosão pela água.
Esta condição de planalto tornou possível construir uma estrada até o Itatiaia e construir ali uma infraestrutura mínima, com abrigos, eletricidade e banheiros. Tudo isto a mais de 2300 metros de altitude, sendo, possivelmente, as edificações mais altas do Brasil.
Uma coisa é certa: a estrada que corta o parque é a mais alta do país, a BR-485. No entanto, não espere um tapete de asfalto: ela é uma estrada de terra. Mas está boa, mesmo para carros pequenos. O início dela fica na Garganta do Registro, a passagem da Mantiqueira entre Resende (RJ) e Itamonte (MG) - que é a passagem mais alta da serra, a mais de 1600 m, feito pela BR-354. Pegando o desvio, são 13 km sem pavimentação até o Posto Marcão (uma das três portarias do PNI, além da portaria em Visconde de Mauá (RJ) e Itatiaia (RJ), esta última na parte do parque abaixo da serra).
Se você mora perto do PNI, pode querer passar o dia lá. Se mora longe, pode ficar hospedado no Abrigo Rebouças (uma casa com beliches, eletricidade e banho de água fria) ou acampar nas áreas de camping que ficam ao lado do abrigo. Em qualquer caso, não se esqueça de comprar o ingresso com antecedência na página https://pnitatiaia.com.br/ - o parque está concedido à iniciativa privada. Há vagas limitadas e uma série de regras para seguir. Não se esqueça que existe um ingresso pra cada coisa: hospedagem, estacionamento, entrada no parque... então compre tudo o que for necessário.
Dito isto, vamos falar da trilha. Esta caminhada não é a mais procurada do PNI, que são a travessia Couto-Prateleiras e a conquista do Agulhas Negras. Nem é a mais bonita, mas é a mais desafiadora em termos de esforço físico e é muito interessante também, porque proporciona uma imersão no interior do parque, uma baixada rodeada por morros onde não há nenhuma civilização à vista - diferente de caminhar pelas cumeeiras.
Os primeiros quilômetros são em direção à trilha do Agulhas Negras, mas você passa reto e sobe um morro pra passar à outra vertente. Aí, deixa o vale do rio Campo Belo e entra no vale do rio Aiuruoca (além de cruzar a divisa RJ/MG). À volta, apenas vegetação de altitude, como bracatingas e caratuvas, e alguns banhados. Uma cena muito interessante!
O Agulhas negras fica ao fundo, durante toda esta primeira parte e, um pouco antes de ele sumir, chega a placa que aponta para a Pedra do Altar. É possível dar uma saída da trilha principal e subir nela, o desvio é curto e a subida também. Aliás, esta é uma vantagem do PNI, como a trilha já fica acima dos 2300m, não é preciso subir muito pra chegar ao cume dos morros. No entanto, optei por não subir no Altar, tendo em vista que ainda tinha muito pra caminhar.
Seguindo, a trilha desce em direção a uma grande baixada. Inclusive, dá pra ver quase todo o caminho da trilha, o que vai te dar a noção do tamanho da caminhada. Esta parte é monótona, porém a trilha é bem batida e dá pra caminhar rápido, ganhando tempo. A trilha vai passar pela bifurcação da cachoeira, depois, seguindo à direita, chega até os Ovos de Galinha. Dá pra continuar atravessando o parque, à esquerda, ou seguir até os Ovos e à Pedra do Sino, à direita.
Optei em ir, primeiro, à Pedra do Sino. A subida não é difícil, mas a trilha não está muito demarcada e isto pode irritar um pouco porque o caminho é muito rochoso, não há chão batido pra você se balizar. No trecho final, é preciso ter cuidado por causa das ranhuras na rocha, são canaletas naturais esculpidas pela água e algumas podem provocar quedas e acidentes. Caminhe atentamente e atravesse entre as ranhuras com cuidado, às vezes dá pra fazer isto com pulos curtos.
A Pedra do Sino de Itatiaia (não confundir com a Pedra do Sino da Serra dos Órgãos) é o nono cume mais alto do Brasil, segundo a medição do IBGE. Dela, o que mais chama atenção são as costas do Agulhas Negras, a Sul. Virando no sentido horário, aparece os morros da Antena e do Couto, nas imediações do posto Marcão; a Serra Fina, mais ao fundo; diversos morros nos arredores de Itamonte (MG) e Visconde de Mauá (RJ) até uma pequena janela em direção ao litoral. Quando fui, o ar estava muito seco e não era possível ver nada abaixo da serra.
Retornando, vale a pena passar nos Ovos de Galinha se você gosta de geologia. É uma pequena saída da trilha principal. Os "ovos" são matacões, ou seja, rochas esferoidais que foram erodidas pela água ao longo de milhares de anos e estão apoiadas em outras rochas. Elas possuem uma composição diferente das rochas da Pedra do Sino (provavelmente são de granito). Se quiser subir na Pedra do Altar, porém, talvez seja uma boa ideia seguir adiante.
Como último ponto, desci à cachoeira do Aiuruoca. Aqui, vale com certeza a visita. Uma das cachoeiras mais altas do país (em relação à altitude), de formato alongado com bom espaço para banho. É claro que, dependendo do tempo, as águas estarão bem frias, mas num dia mais quente dá pra se banhar. Optei em não mergulhar para não molhar as botas (estava sem toalha), mas, como o volume estava baixo, deu pra molhar a cabeça num chuveiro formado pela queda.
Foram 6h40 minutos de caminhada, ainda deu tempo pra fazer um café da tarde. Ah, um detalhe importante: no posto Marcão eles vendem algumas bebidas e comidas, como água e refri, macarrão instantâneo, barras de chocolate, amendoim... coisas bora pra trilhas e pra matar a fome, em caso de emergência.
Um último detalhe importante: existem horários para começar e terminar as atividades no parque. Elas variam dentro e fora da temporada de montanha, então veja na página, na lista de atividades, os horários da trilha (normalmente é pra começar depois 9h e terminar até 17h).
Uma ótima opção pra fazer uma imersão nesse Brasil das alturas!
SE ESTIVER NO CELULAR, ABRA ESTE LINK: https://youtu.be/BRmRtzJuQmc
Trilha de longa distância que atravessa a parte alta do Parque Nacional de Itatiaia com destino à Pedra do Sino (nono cume mais alto do Brasil, segundo o IBGE), à formação rochosa chamada de Ovos de Galinha e à cachoeira do Aiuruoca - podendo ser ampliada com outros pontos no meio do caminho.
Vale uma explicação pra quem não conhece o Parque Nacional de Itatiaia: este é o parque nacional mais antigo do Brasil, criado em 1937 no governo Vargas. O parque abrange o último maciço mais alto da Serra da Mantiqueira, no sentido Nordeste, que é o Maciço do Itatiaia. Ele é diferente porque não é um corpo em formato de espigão (como a Serra Fina e o trecho Marins-Itaguaré, que ficam a Sudoeste, também integrando a Mantiqueira), mas sim um pequeno planalto rodeado por morros. A presença de rochas alcalinas com calcário também confere um visual único, com ranhuras e círculos nos morros que são resultado da erosão pela água.
Esta condição de planalto tornou possível construir uma estrada até o Itatiaia e construir ali uma infraestrutura mínima, com abrigos, eletricidade e banheiros. Tudo isto a mais de 2300 metros de altitude, sendo, possivelmente, as edificações mais altas do Brasil.
Uma coisa é certa: a estrada que corta o parque é a mais alta do país, a BR-485. No entanto, não espere um tapete de asfalto: ela é uma estrada de terra. Mas está boa, mesmo para carros pequenos. O início dela fica na Garganta do Registro, a passagem da Mantiqueira entre Resende (RJ) e Itamonte (MG) - que é a passagem mais alta da serra, a mais de 1600 m, feito pela BR-354. Pegando o desvio, são 13 km sem pavimentação até o Posto Marcão (uma das três portarias do PNI, além da portaria em Visconde de Mauá (RJ) e Itatiaia (RJ), esta última na parte do parque abaixo da serra).
Se você mora perto do PNI, pode querer passar o dia lá. Se mora longe, pode ficar hospedado no Abrigo Rebouças (uma casa com beliches, eletricidade e banho de água fria) ou acampar nas áreas de camping que ficam ao lado do abrigo. Em qualquer caso, não se esqueça de comprar o ingresso com antecedência na página https://pnitatiaia.com.br/ - o parque está concedido à iniciativa privada. Há vagas limitadas e uma série de regras para seguir. Não se esqueça que existe um ingresso pra cada coisa: hospedagem, estacionamento, entrada no parque... então compre tudo o que for necessário.
Dito isto, vamos falar da trilha. Esta caminhada não é a mais procurada do PNI, que são a travessia Couto-Prateleiras e a conquista do Agulhas Negras. Nem é a mais bonita, mas é a mais desafiadora em termos de esforço físico e é muito interessante também, porque proporciona uma imersão no interior do parque, uma baixada rodeada por morros onde não há nenhuma civilização à vista - diferente de caminhar pelas cumeeiras.
Os primeiros quilômetros são em direção à trilha do Agulhas Negras, mas você passa reto e sobe um morro pra passar à outra vertente. Aí, deixa o vale do rio Campo Belo e entra no vale do rio Aiuruoca (além de cruzar a divisa RJ/MG). À volta, apenas vegetação de altitude, como bracatingas e caratuvas, e alguns banhados. Uma cena muito interessante!
O Agulhas negras fica ao fundo, durante toda esta primeira parte e, um pouco antes de ele sumir, chega a placa que aponta para a Pedra do Altar. É possível dar uma saída da trilha principal e subir nela, o desvio é curto e a subida também. Aliás, esta é uma vantagem do PNI, como a trilha já fica acima dos 2300m, não é preciso subir muito pra chegar ao cume dos morros. No entanto, optei por não subir no Altar, tendo em vista que ainda tinha muito pra caminhar.
Seguindo, a trilha desce em direção a uma grande baixada. Inclusive, dá pra ver quase todo o caminho da trilha, o que vai te dar a noção do tamanho da caminhada. Esta parte é monótona, porém a trilha é bem batida e dá pra caminhar rápido, ganhando tempo. A trilha vai passar pela bifurcação da cachoeira, depois, seguindo à direita, chega até os Ovos de Galinha. Dá pra continuar atravessando o parque, à esquerda, ou seguir até os Ovos e à Pedra do Sino, à direita.
Optei em ir, primeiro, à Pedra do Sino. A subida não é difícil, mas a trilha não está muito demarcada e isto pode irritar um pouco porque o caminho é muito rochoso, não há chão batido pra você se balizar. No trecho final, é preciso ter cuidado por causa das ranhuras na rocha, são canaletas naturais esculpidas pela água e algumas podem provocar quedas e acidentes. Caminhe atentamente e atravesse entre as ranhuras com cuidado, às vezes dá pra fazer isto com pulos curtos.
A Pedra do Sino de Itatiaia (não confundir com a Pedra do Sino da Serra dos Órgãos) é o nono cume mais alto do Brasil, segundo a medição do IBGE. Dela, o que mais chama atenção são as costas do Agulhas Negras, a Sul. Virando no sentido horário, aparece os morros da Antena e do Couto, nas imediações do posto Marcão; a Serra Fina, mais ao fundo; diversos morros nos arredores de Itamonte (MG) e Visconde de Mauá (RJ) até uma pequena janela em direção ao litoral. Quando fui, o ar estava muito seco e não era possível ver nada abaixo da serra.
Retornando, vale a pena passar nos Ovos de Galinha se você gosta de geologia. É uma pequena saída da trilha principal. Os "ovos" são matacões, ou seja, rochas esferoidais que foram erodidas pela água ao longo de milhares de anos e estão apoiadas em outras rochas. Elas possuem uma composição diferente das rochas da Pedra do Sino (provavelmente são de granito). Se quiser subir na Pedra do Altar, porém, talvez seja uma boa ideia seguir adiante.
Como último ponto, desci à cachoeira do Aiuruoca. Aqui, vale com certeza a visita. Uma das cachoeiras mais altas do país (em relação à altitude), de formato alongado com bom espaço para banho. É claro que, dependendo do tempo, as águas estarão bem frias, mas num dia mais quente dá pra se banhar. Optei em não mergulhar para não molhar as botas (estava sem toalha), mas, como o volume estava baixo, deu pra molhar a cabeça num chuveiro formado pela queda.
Foram 6h40 minutos de caminhada, ainda deu tempo pra fazer um café da tarde. Ah, um detalhe importante: no posto Marcão eles vendem algumas bebidas e comidas, como água e refri, macarrão instantâneo, barras de chocolate, amendoim... coisas bora pra trilhas e pra matar a fome, em caso de emergência.
Um último detalhe importante: existem horários para começar e terminar as atividades no parque. Elas variam dentro e fora da temporada de montanha, então veja na página, na lista de atividades, os horários da trilha (normalmente é pra começar depois 9h e terminar até 17h).
Uma ótima opção pra fazer uma imersão nesse Brasil das alturas!
Pontos de passagem
Comentários (3)
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Assisti o vídeo e vim salvar o tracklog. Como sempre, você faz um trabalho jornalístico impecável com muita informação. Obrigado!
Valeu, Celio!
Boas caminhadas
Obrigado! Pra você tbm! Abraço!