Identificação do Eco-Trilho
Localização
Inserido no setor Português do Maciço Hespérico, onde a suas principais unidades geológicas são os complexos Xisto-graváquico e o Xisto-grauváquico Ante-ordovídico. Situado no extremo este do distrito de Coimbra. Agraciado pela natureza com uma diversificada formação vegetal e enaltecido por um deslumbrante cenário paisagístico, o concelho de Oliveira do Hospital é também privilegiado com a presença milenar do Homem e com as suas realizações artístico-culturais. Dotado de singular complexo Histórico-arqueológico, ao longo dos tempos estudado pela comunidade científica e admirado pelos seus visitantes, alguns dos seus monumentos foram já classificados como património nacional e/ou desfrutam de valor historiográfico, que ultrapassa as fronteiras do País. Sem menosprezo por outros, destacamos o conjunto de monumentos megalíticos disseminado pelo setor norte do concelho, o venerável templo pré-românico de S. Pedro de Lourosa e a cidade romana de Bobadela.
Traçado este cenário, apraz-nos devidamente reconhecer que num concelho cuja galeria ambiental expõe tantos quadros climáticos quantos cenários geomorfológicos, os mosaicos microclimáticos e ambientais que se fazem sentir nas encostas e vales dos principais rios que nascem ou meandram por este concelho (rios Alvôco, Mondego, Alva, Cavalos, Cobral e Seia), ditam, há milénios, os ímpares desígnios culturais e ambientais destes graciosos lugares e das suas gentes.
Assim, não será de estranhar que algumas das mais férteis várzeas do concelho, as várzeas dos rios de Cavalos (freguesia de Bobadela) e Cobral (travanca de Lagos), ofereçam dos seus regaços um manancial de sensações a quem as visita. E estes sentires saem ainda mais reforçados quando estas magníficas várzeas foram distinguidas com elementos naturais e antrópicos bastante peculiares. Em abono da verdade, esta região foi bafejada de forma irrepreensível pelas mãos da Natureza e do Homem.
Esperançosamente implantado no coração do Planalto Beirão e situado no extremo oeste do concelho de Oliveira do Hospital, este eco-trilho percorre bucolicamente o quinhão de terra que dista entre as férteis várzeas de Bobadela (berço da outrora capital do Planalto Beirão em época romana) e de Travanca de Lagos (Candeia da cultura judaica do concelho de Oliveira do Hospital). Montam guarda a este percurso pedestre uma série de faustosos montes [entre os quais se destacam o majestoso outeiro de São Sebastião (Bobadela), o viçoso e altaneiro monte do Vale de Loureiro (Bobadela), o enigmático outeiro da Sra. da Luz (Bobadela) e o histórico outeiro do Alto do Zambujeiro (Travanca de Lagos). E será esta rica faixa de terreno a área de implantação deste eco-trilho.
Quem chega a este quadrante geográfico fica, num ápice, incondicionalmente apaixonado pela extraordinária exuberância paisagística com que se depara. A par dessa excecional envolvência ambiental, as duas freguesias que este percurso abraça revelam-se profundamente enriquecedoras, em virtude dos seus centros históricos e dos seus arrabaldes. Além da palete de cores que neles se dilui harmoniosamente por alvenarias graníticas de belas e acolhedores casas com os seus alpendres beirões, há um notável conjunto de realidades patrimoniais, costumes e tradições que despertam o interesse a qualquer visitante, ao mesmo tempo que espelham, na perfeição, a boa índole e o bem-receber das suas gentes.
O(A) pedestrianista ao trilhar este percurso internacionalmente homologado poderá vivenciar uma experiência inolvidável: uma simbiose cativante entre um rejuvenescedor bem-estar e um arrebatador apelo aos cinco sentidos, ao mesmo tempo que é transportado para uma dimensão repousante e liberta do mundo apressado. A sinalética mundialmente conhecida e disposta ao longo desta rota pedestre permitirá ao pedestrianista traçar o rumo certo e estabelecer o contato com quadros sonhados que o transportarão para outros tantos cenários imaginados: os futuros espaços museológicos da cultura judaica, no centro histórico de Travanca de Lagos, e o do queijo 'tipo Serra da Estrela' – Denominação de Origem Protegida (DOP), na Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) (a meio caminho entre as freguesias de Travanca de Lagos e Bobadela), expressam, de modo convicto, esta assinalável tarefa de levar a bom-porto a implantação no terreno deste eco-trilho, como forma também de potencializar cultural e turisticamente o concelho de Oliveira do Hospital e a própria região.
Por fim, deixamos uma sugestão, ao jeito de nortear o(a) pedestrianista relativamente ao sentido recomendado a tomar, quando se fizer ao percurso: inicie-o e finalize-o em Bobadela, passando por Travanca de Lagos.
Tipo de Percurso
Percurso de traçado circular, iniciando-se na Bobadela e seguindo para Norte, em direção a Travanca de Lagos onde passa por diversos locais de interesse. Os seus extremos são delimitados por elementos naturais presentes na paisagem; a sul e a oeste pelo rio de Cavalos, e a norte pelo rio Cobral.
Âmbito
Este percurso será certamente um verdadeiro apelo aos seus 5 sentidos, englobando contextos culturais, históricos e patrimoniais, turísticos, geológicos, de biodiversidade natural e educacionais. A curtas distâncias, ficará surpreendido(a) pela abundante biodiversidade e por um conjunto de vestígios histórico-arqueológicos que fazem deste trilho uma verdadeira máquina-do-tempo.
Este percurso tem a particularidade de interligar duas freguesias, Bobadela e Travanca de Lagos, ricas em património histórico de diversas cronologias temporais, com bastantes semelhanças e complementaridades. São laços seculares, ou mesmo milenares, de vestígios que perduraram no tempo e que de modo resiliente chegaram até aos nossos dias. Alguns deles são já conhecidos, como as antas, povoados fortificados de altura, vestígios da época romana, sepulturas escavadas na rocha e lagares rupestres, entre alguns desses principais vínculos.
A Bobadela, desfrutando já de um valor historiográfico que ultrapassa as fronteiras do Pais, é provida de um singular complexo histórico-arqueológico datado desde a Pré-história à Idade Moderna, passando pela Proto-história, Época Romana e Visigótica, até à Alta Idade Média e até elementos judaicos recentemente identificados.
Também Travanca de Lagos pretende revelar ao mundo, nesta oportunidade soberana, o seu vasto e rico património diversificado. Aqui irá descobrir, para além de uma herança patrimonial rica que vai também desde a Pré-História ao Renascimento, abundantes vestígios culturais judaicos espalhados pela aldeia, cujas evidências poderão vir a ser observadas num futuro Centro Interpretativo de Travanca de Lagos. Em ambos os casos poderão até vir a integrar, futuramente, a Rota do Sefarad com todas as implicações turístico-culturais daí derivadas...
No regresso, entre as duas aldeias, destaca-se a paisagem na estação do Miradouro de Nossa Senhora da Luz, onde é possível apreciar em 360º a geomorfologia da região e o Museu do Azeite, local onde se poderão fazer refeições e mergulhar no acervo de centenas de peças sobre o conhecimento, experiência e tecnologia na exploração no setor oleícola. Aqui pode recordar os lagares rupestres que se localizam na proximidade do trilho que evidenciam a antiguidade do ofício na região.
De regresso à Bobadela, ainda se pode descobrir uma ponte romana escondida. Aconselha-se concluir a experiência, optando pelo “Saber Mais" em direção à Capela de São Sebastião a 1,6Km, a 467m de altitude (in Google Earth Pro), onde poderá observar o trilho de forma panorâmica.
Extensão e Duração
No geral, o traçado deste percurso circunscreve as várzeas férteis de Bobadela e de Travanca de Lagos (passando pelas imediações da aldeia de Negrelos), numa extensão aproximada de 12km. Os seus extremos são delimitados por elementos naturais presentes na paisagem; a sul e a oeste pelo rio de Cavalos, e a norte pelo rio Cobral.
É um percurso devidamente sinalizado e homologado, durante o qual poderá deparar-se com um naipe significativo de placas direcionais que, indubitavelmente, lhe despertarão a curiosidade de querer ‘Saber Mais’ sobre esta ou aquela realidade. Ao todo, poderá usufruir de 6 estações com desafios, 34 pontos de interesse e 9 “Saber Mais”.
O trilho tem a duração de aproximadamente 3h45m.
Na Bobadela e no Museu do Azeite encontrarão infraestruturas que garantem o conforto de quem visita a região, nomeadamente parque de estacionamento, instalações sanitárias públicas e restaurantes típicos da região. Nas duas freguesias poderá encontrar alojamento local para pernoitar.
Tema do Eco-Trilho
Percurso multitemático, em que se pretende aprender com um passado histórico que vai, maioritariamente, ao encontro das culturas romana e judaica, contribuindo para estreitar uma relação culturalmente identitária entre ambas as freguesias limítrofes.
Do ponto de vista biológico, o percurso entre Bobadela e Travanca dos Lagos percorre áreas com longa história de intervenção humana, incluindo um intenso aproveitamento agrícola, como se percebe pelos olivais e pomares ainda presentes.
Tema das Estações e Motivos de Interesse:
O trilho leva-nos a uma viagem arrebatadora a diversas memórias históricas (com grande incidência romana e judaica), percorrendo Bobadela e Travanca de Lagos, deixando-nos guiar pela paisagem e natureza do planalto beirão.
Percorre as importantes ruínas romanas da Bobadela e diversos locais arqueológicos pré-históricos relevantes. Passa pela Ancose, que reúne um espólio relevante sobre a produção agro-pecuária de Ovelha Bordaleira Serra da Estrela com forte impacto na região onde se produz o famoso Queijo da Serra da Estrela. Entre estações e pontos de interesse, o percurso é bastante rico, ainda, tanto em biodiversidade como em riqueza geológica, com zonas de rocha granítica exposta, fruto da meteorização.
Será, decerto, uma experiência inolvidável que levará na sua memória!
Época Aconselhada:
É possível realizar o trilho durante todo o ano, embora no inverno chuvoso, os trilhos se tornem enlameados e algo escorregadios.
Autores:
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital do Instituto Politécnico de Coimbra:
- Alunos do 1.º ano da Licenciatura em Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território:
Eduardo João Martins Mendes;
Evandro Gomes Vaz da Conceição Costa;
Lukawu Miriam Suzana Carla Eduardo;
Zidro Amadeus Tavares Borges.
- Alunos do 2.º ano da Licenciatura em Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território:
Francisco Duarte Cantante Domingues;
José Pedro Simões Serra;
Pedro André Henriques dos Santos.
- Aluno do 2.º ano da Licenciatura em Gestão de Bioindústrias:
Jorge dos Santos Ferreira da Silva.
- Coordenadora:
Professora Ana Margarida Januário Cruz.
Entidades Parceiras:
-Município de Oliveira do Hospital:
Graça Silva, Vereadora da Educação;
Rui Silva, Arqueólogo;
João Cid Brito, Arqueólogo;
Vítor Paulo Fernandes , Administrativo do CIB;
Luís Antero, Paisagista sonoro;
José Carlos Marques , Eng. Florestal;
João Fernandes (operador de trator), Sapador florestal;
José Rodrigues, Sapador florestal;
João Correia, Sapador florestal;
Fernando Santos, Sapador florestal.
- Junta de Freguesia de Bobadela:
Rosário Mota, Tesoureira.
- Junta de Freguesia de Travanca de Lagos:
Ana Teresa Ferreira dos Santos Falcão de Brito, Presidente;
António Portas Vieira , Secretário;
António Manuel Borges Madeira, Tesoureiro.
- Associação Estrela Geopark:
Emanuel Castro, Coordenador;
Lucas Cezar, Biodiversidade e Sustentabilidade;
João Castel-Branco, Desportos de Montanha e Interpretação.
- Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela (ANCOSE)
José Manuel Marques, Presidente.
Convidados:
António e Alice, pastores de Travanca de Lagos;
Francisco Antunes, Médico;
João Duarte, autor do Blog “Travanca com História”;
Joel Correia, Arqueólogo do Município de Gouveia;
Participantes:
Ana Daniela Alves Jorge, docente;
Ana Sofia Batista Marques, docente;
Célia Teresa Mendes Ligeiro Pereira, docente;
Liliana Seixas, residente;
Maria da Conceição Damião, funcionária não docente da ESTGOH, membro Eco-Escolas.
Ver mais 
Panorama
49. Capela de São Sebastião
O ‘Monte dos Crastos’ é um outeiro de uma considerável extensão. Nele, há cerca de 3.000 anos, durante o Bronze Final localizava-se um povoado fortificado de altura. Deste povoado, restam os materiais passíveis de ser identificados em prospeção arqueológica, bem como o talude artificial que a paisagem preserva.
Desde 1776 este cerro dá lugar à Capela de São Sebastião. De construção simples, o pórtico ostenta um friso e arquitrave, sendo ladeado por dois óculos quadrifoliados.
Interseção
48. Saber Mais: Capela de São Sebastião; Povoado fortificado do Bronze Final
Waypoint
47. Casa com eventuais vestígios judaicos
Na torça do parapeito da janela embutida na fachada principal desta antiquíssima casa pode ler-se 1608. Este é indubitavelmente uma das casas… ou melhor, a epigrafe mais antiga que identificámos no âmbito deste nosso projecto. Existem, nela, um conjunto de paralelismos arquitectónicos que poderão estar associados à cultura judaica. Essa semelhança é comum também em Travanca de Lagos. Um Alpendre beirão com silharia biselada; uma estela funerária (resgatada em 2006 desta mesma casa) com uma possível estrela de David (ou será um pentagrama?); um recesso (associado à tradição da mezuzah – prática que os judeus usavam nas portas de suas casas como devoção a Deus); uma possível pilheira; um armário judaico; uma parede espessa com porta que dividiria dois espaços distintos da mesma casa (como possível ponto-de-fuga); um túnel de acesso ao exterior (tido também como ponto-de-fuga), e um “fresco”(possuindo um motivo cruciforme ao centro, ladeado por dois hexafólios) que é apresentado sobre uma base em gesso ou argamassa, fazem provavelmente desta casa a evidência mais importante da cultura judaica em Bobadela.
Museu
46. Estação - Museu do Azeite
Através da recriação de contextos históricos que não se ficam pelo património material, o espólio do Museu do Azeite dá destaque às máquinas e processos criados ao longo dos tempos pelos homens para a extração de azeite, podemos salientar o óleo vegetal precioso até sagrado que, nas suas múltiplas utilizações, tal como , a alimentação, a iluminação, a medicina e a higiene, se tornou num dos produtos agrícolas mais importantes de cada período histórico e do qual Portugal é ainda hoje o quarto produtor a nível mundial.
Referência:
Carvalho, P. et al.. (2019).O Azeite e a Oliveira ao Longo do Tempo - O Museu do Azeite (Bobadela, Oliveira do Hospital). ArqueoHoje, Lda. ISBN 978-989-54407-1-9
Para mais informação poderão consultar:
https://museudoazeite.com/
Esta estrutura de cariz viário encontra-se incluída no conjunto arquitetónico urbano da cidade romana de Bobadela.
Datável do século I d.C., faria parte da saída poente do núcleo urbano que ligaria às grandes vias imperiais.
A ponte é composta de vão unico e arco de volta perfeita, com grandes e bem talhados similhares, embora não almofados.
https://cm-oliveiradohospital.pt/index.php/turismo/patrimonio-nacional/patrimonio-classificado-de-interese-publico-iip/item/1158-ponte-romana-de-bobadela
FID
26
Name
Ponte Romana
Tipo
Ponto de interesse
Anti
40
Geocache
44. Estação - Miradouro e Capela da Nossa Senhora da Luz (Geocaching)
Este miradouro é o ponto mais elevado do Outeiro da Nossa Senhora da Luz. Do afloramento rochoso, granítico, que se encontra encimado por uma cruz, é possível vislumbrar uma perspetiva singular sobre a várzea de Bobadela. Em redor desse cocuruto pétreo é possível observar-se um ou outro elemento arquitetónico, vindo da outrora cidade romana de Bobadela; falamos concretamente das colunas triplas. O(A) prezado(a) pedestrianista poderá, de igual modo, comtemplar o resplendor de praticamente todo o quadrante sul da várzea bobadelense. Em pano-de-fundo, poderá também ficar estarrecido com uma linha-de-horizonte que abraça o segundo ponto mais alto do distrito de Coimbra, o monte do Colcurinho – freguesia de Aldeia das Dez, concelho de Oliveira do Hospital –, bem como, grande parte do maciço central, que dá forma às majestosas cumeadas da Serra da Estrela. Neste mesmo miradouro está edificada uma belíssima capela que dá o seu nome ao miradouro e ao próprio outeiro, a capela de Nossa Senhora da Luz. A sua construção só foi possível dado que houve a possibilidade de se proceder à construção de uma plataforma regularizada, constituída por sedimentos e amparada por um magistral muro de alvenaria e de junta cega. O acesso a este miradouro faz-se através de uma magnífica escadaria de granito.
Atividade:
Encontre a cache... levará para casa uma pequena lembrança. Para tal, consulte a referência do Geocaching e pesquise pela seguinte cache GC9BQK6. Boa sorte!!!
Árvore
43. Estação - Biodiversidade
Na região do concelho de Oliveira do Hospital são observados afloramentos rochosos frequentes (granito), quando não cobertos por matos. As colinas e pequenas serras têm predomínio do pinheiro bravo e eucalipto, enquanto que os vales são guarnecidos por oliveiras, videiras e pomares na base das encostas.
Magro, I, et al (2002). Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continentar. Colecção Estudos 10, Volume III. Lisboa: João Machado Design, Lda, p.65-70.
Sítio arqueológico
42. Sepulturas escavadas na rocha e Lagar rupestre do Gorgulão - Eduardo Mendes
Cobertas por uma espessa tampa de granito ou xisto e com as cabeceiras orientadas para oeste, segundo o ritual cristão baseado na crença na ressurreição, estas sepulturas rupestres talhadas na rocha, remontam à Alta Idade Média. Na sua generalidade, esta prática de enterramento foi realizada entre os séculos VI/VII d. C. e XI/XII d. C., adotando diversas formas, desde as mais simples de forma ovalada, a túmulos de contornos antropomórficos assimétricos e sepulcros que se apresentam com uma simetria axial quase perfeita. Esta última tipologia apresenta contornos humanos, exibindo, uma nítida definição dos ombros e da cabeça.
Este tipo de sepulturas regista-se em vários sítios no concelho de Oliveira do Hospital. Maioritariamente, isoladas ou pequenos núcleos de 2/3 sepulcros. Porém, há a ocorrência, ainda que residual de necrópoles.
Interseção
41. Saber Mais: Sepulturas escavadas na rocha e lagar rupestre do Gorgulão a 400m
Fonte
40. Fonte do Outeiro
A fonte do Outeiro é uma fonte de chafurdo ou de mergulho. O seu nome advém de uma belíssima laje granítica situada num suave, mas assinalado promontório na paisagem. Porém, e contrariamente à fonte de Chafurdo da Eira (Bobadela – ponto de interesse nº4 deste eco-trilho), cuja estrutura pétrea se encontra construída em subsolo, a fonte do Outeiro tem a base da sua “carapaça” pétrea assente sensivelmente na calçada à antiga portuguesa. Ou seja, o(a) prezado(a) pedestrianista para poder observar a extraordinária arquitectura desta fonte não necessita de descer ou subir qualquer degrau: esta encontra-se bem identificada na paisagem e emoldurada numa tela em branco que merece ser pintada ou imaginada, por quem por ela passa. Para tal, basta que percorra naturalmente o trajecto deste eco-trilho, e, em plena rua do Outeiro (Travanca de Lagos), este belo vestígio não passará certamente despercebido ao seu olhar. Numa placa direcional que indica a localização desta fonte, diz: ‘Fonte Romana’ a 50m. É certo que a sua arquitectura é extraordinariamente peculiar: o arco de ‘volta perfeita’ e as impostas têm inspiração na arquitectura romana. Porém, nada nos diz que esta fonte é romana; a não ser que área envolvente à fonte seja futuramente sujeita a uma escavação arqueológica ou, então, a sondagens de diagnóstico. Curiosamente ou não, esta fonte do Outeiro (Travanca de lagos) é arquitectonicamente semelhante à fonte da Eira (Bobadela). Terá sido o mesmo arquitecto a projectá-las? Ou terá sido a gosto de quem as pagou?
Rio
39. Linha de água - 'poldra' - passagem a vau
-
-
Existe uma linha d’água que nasce nas imediações de Gavinhos de Cima e desagua no rio de Cavalos, na aldeia da Ribeira, já no concelho de Tábua. Não se sabe ao certo o seu nome, mas o nosso trilho trespassa esse ribeiro, no lugar do ‘rio Seco’. Essa passagem é feita a vau, através de uma enorme pedra de granito (poldra) bem aparelhada, a meio do percurso entre Negrelos e Travanca de Lagos. O cenário paisagístico envolvente é apaziguador e reconfortante. Se a natureza o pensou bem, executou-o melhor; ali, é possível ouvir os sons da natureza e retemperar forças e ganhar energias para chegar ao centro histórico de Travanca de Lagos, para desfrutar, entre sepulturas escavadas na rocha e/ou lagares rupestres, de um conjunto significativo de vestígios associados à cultura judaica. Maria Isabel Vieira, natural de Negrelos, relata-nos que este era o trajecto que fazia a pé, diariamente, para leccionar na escola primária de Travanca de Lagos, a partir de 1978. Não obstante o fio condutor cultural que este nosso trilho liga (os laços culturais judaicos entre Bobadela e Travanca de Lagos), é importante reter que este percurso procurar também revitalizar e estreitar laços geográficos, ao reabilitar troços de alguns caminhos há muito esquecidos e abandonados.
Atividades:
Aqui é um local inspirador para registar a paisagem natural do trilho em aguarela com a colaboração da artista Helena Vilas Boas mediante marcação prévia do evento.
Durante o percurso o(a) pedestrianista(a) potenciar atividades de educação-ação, aproveitando ferramentas de ciência-cidadã como, por exemplo, as plataformas invasoras.pt ou Biodiversity4all (iNaturalist). Estas atividades podem facilitar um diagnóstico da qualidade ambiental pós-incêndios, a partir do registo da ocorrência de espécies mais sensíveis, bem como identificar áreas para a célere intervenção no controle das espécies exóticas invasoras.
Waypoint
38. Casa com evidências judaicas
Casa com evidências Judaicas: pilheira
(Interior de imóvel em ruínas onde se observa o aproveitamento do substrato rochoso para assentar as paredes do imóvel, demostrativo de técnicas de construção tradicional. São visíveis uma espécie de armário em pedra (ou um armário mais baixo, que também pode ser um nicho; e uma janela do tipo seteira mais elevada. Vestígio de junta seca e em cimento assim como parecem ser os vestígios de reboco em cimento.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
A Fonte de Baixo situa-se no bonito largo onde confluem a rua Quelhas do Terreiro, a rua do Outeiro e a rua de Baixo. É possível que esta fonte tivesse sido uma fonte de chafurdo ou de mergulho nos seus primórdios; já que a sua estrutura pétrea se encontra em subsolo, com o intuito de procurar o veio de água que ainda a serve. Aliás, actualmente, ainda é possível observar uma secção do afloramento rochoso que foi propositadamente deixado à vista desarmada para deleite de quem dessa fonte beber. A sua acessibilidade faz-se através da subida/descida de um número ainda significativo de degraus talhados em granito.
Uma epígrafe datada de 1999 (?), que é apresentada no fantástico blogue ‘Travanca com história’, da autoria de João Duarte – Travanquense, agente cultural e um acérrimo defensor do património de freguesia de Travanca de Lagos e do concelho de Oliveira do Hospital –, poderá referir-se ao ano de uma requalificação que esta fonte provavelmente sofreu; talvez do próprio ano da transformação da fonte dita ‘de chafurdo’ para uma fonte cuja captação da sua água se passou a fazer através de uma ‘bica’. Abaixo dessa bica encontra-se a sua respectiva pia.
Para descanso dos que desta fonte bebem ou dos que procuram um local fresco para retemperar forças no decurso deste eco-trilho, existe um banco corrido de granito que ladeia praticamente todo o perímetro da concavidade pétrea desta excelsa Fonte de Baixo.
Fonte de Baixo - Fonte de Encantos*
Fonte de água limpa, pura
Tantas vezes provada…
Cântaros de barro poisados, esperando
Em composição simulada.
Mulher de rosto fingido, em fuga
À sua vida destinada…
Cântaro cheio, transbordando d’água
Torna a ausência notada.
Amores, tragédias, paixões,
Oh Fonte dotada, inspiradora
De namoro aliada,
Consegues levar mulheres
A superar a vida pasmada!
Oh Fonte nossa antepassada
Deste vida nova,
Desta vida passada!
E a água sempre cristalina, pura
Sem dar por nada…
* http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Waypoint
36. Casa onde viveu o Senhor Comendador António da Costa Carvalho
António Costa Carvalho, nasceu em Travanca de Lagos, conselho de Oliveira de Hospital a 20 de Março de 1883, tendo falecido em Lisboa na freg.ª de N.ª S.ª de Fátima, em 27 de Dezembro de 1977, aos 94 anos. Figura ilustre do panorama nacional de meados do séc. XX tendo envolvido em muitos negócios em Portugal, embora tenha dividido a sua vida entre o Brasil, Lisboa e Tábua terra da sua esposa, a escritora Dona Sara Vasconcelos Carvalho Beirão que juntos fundaram a primeira Casa dos Artistas Portuguesa nos anos 60 de seculo XX.
A quando do mandato como presidente da Republica Almirante Américo Tomás, entre 1958 a 1979, condecora António Costa Carvalho a Comendador.
http://travancacomhistoria.blogspot.com/2016/07/?m=1
FID
20
Anti
30
Name
Casa onde viveu Comendador António da Costa Carvalho
Tipo
Ponto de interesse
Sítio arqueológico
35. Palheiras dos Covais
Conjunto bastante interessante de raros exemplares de uma arquitetura vernacular. A construção deste complexo de cariz agro-pastoril poderá eventualmente remontar às primeiras décadas do século XIX, ao período pós-revolução liberal. Estes casebres agrícolas foram constituídos com o recurso a silhares rusticamente aparelhados. Estes blocos graníticos foram, por sua vez, assentes sem se utilizar qualquer tipo de argamassa entre eles. Ou seja, uma técnica milenar, um puzzle pétreo, de mestria sublime, onde se destaca a sobreposição ou justaposição de silharia chamada de junta-seca. Estas casas agrícolas eram cobertas por um sem-número de telhas-de-canudo e sustentadas por um complexo, mas eficaz e eficiente, emadeiramento. Ou seja, estes abrigos agro-pastoris não se caracterizavam pela sua beleza estética, mas, sobretudo, pela sua funcionalidade, pelo apoio que davam a um infindável conjunto de tarefas agro-pastoris. O próprio local da implantação destes humildes, mas funcionais palheiros de pedra, não era de forma alguma inocente! Tinha um propósito! Eram construídos sobre enormes fragas graníticas e, não raras vezes, compostas por amplas lajes, bem definidas por filões de quartzo: serviam, assim, como eiras naturais para malhar e secar os cereais, e a rocha que lhes servia de leito era o material ideal para o escoamento dos dejetos e urina dos animais, através de pequenas meias-canas talhadas na própria rocha. Talvez também reflexo de uma agricultura de subsistência, estes complexos agro-pastoris eram circundados por alguns povoamentos de pinheiro-manso (Pinus pinea).
Interseção
34. Saber Mais: Palheiras dos Covais a 150m
Saber Mais: Palheiras dos Covais a 150m
FID
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Saber Mais: Palheiras dos Covais a 150m
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Waypoint
33. Lagar rupestre da Quinta da Moreira
Nas imediações de um espaço sepulcral, identifica-se um espaço de produção agrícola: a lagareta de Moreira de Baixo (Travanca de Lagos). Aproveitando o penedo, foi talhado um lagar. Apresenta dois calcatoria retangulares, ligados por um canal.
Durante a limpeza do espaço foi possível identificar, perto da primeira, uma lagareta inacabada. O que terá provocado esta situação? A morte inesperada do pedreiro? Um ano de maior produção vinícola e/ou oleícola que necessitava de mais meios de produção?
Em Travanca existem alguns lagares escavados na rocha ou lagaretas de sulco, que se destinavam provavelmente à produção vinícola, sendo que, alguns poderão ter sido usados para produzir azeite.
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Interseção
32. Saber Mais: Lagar rupestre da quinta da Moreira a 500m
Saber Mais: Lagar rupestre da quinta da Moreira a 500m
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Saber Mais: Lagar rupestre da quinta da Moreira a 500m
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31. Saber Mais: Palheiras dos Covais a 350m e Lagar rupestre da quinta da Moreira a 700m
Saber Mais: Palheiras dos Covais a 350m e Lagar rupestre da quinta da Moreira a 700m
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Saber Mais: Palheiras dos Covais a 350m e Lagar rupestre da quinta da Moreira a 700m
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Sítio arqueológico
30. Lagar rupestre da Quinta do Boição
Alguns dos espaços fundiários romanos teriam a sua zona de produção de vinho e/ou azeite. Contudo, a carência de dados estratigráficos não permite um real conhecimento da sua cronologia. No nosso concelho, “encontram-se testemunhos únicos dos primeiros lagares de vinho, isto é, simples bacias quadrangulares ou retangulares escavadas na pedra, ligadas frequentemente por um canal a um pio circular mais baixo, identificadas como calcatorium (lugar de pisa das uvas)”. (catálogo CIM). Dentre os quais, a lagareta do Boição, em Travanca de Lagos. Para além deste, em Travanca existem outros lagares escavados na rocha ou lagaretas de sulco, que se destinavam provavelmente à produção vinícola, sendo que, alguns poderão ter sido usados para produzir azeite.
A Lagareta do Boição (Travanca de Lagos) é especialmente importante, por se encontrar em bom estado de conservação. Nela é possível identificar a zona de pisagem (calcatorium) e prensagem (torcularium).
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Interseção
29. Saber Mais: Palheiras dos Covais a 1Km e Lagar rupestre da quinta da Moreira a 1,5Km
Interseção
28. Saber Mais: Lagar rupestre da quinta do Boição a 370m
Local religioso
27. Capela de Santo António
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A capela de Santo António é uma pequena capela de arquitetura vernacular. Foi construída em cantaria de granito de aparelho irregular, com uma planta longitudinal simples e telhado de duas águas. A fachada principal termina em empena, com cornija, coroada por uma pequena sineta. Os cunhais são encimados por dois pináculos que ladeiam uma cruz de Cristo. Apresenta uma porta fronteira de lintel reto, sem moldura, ladeada à esquerda por pequena fresta vertical, que serve de óculo para o seu interior. A fachada esquerda é rasgada por uma janela de verga reta ladeada à esquerda por uma fresta vertical com vista para o altar. O interior surpreende pelo contraste entre o austero granito exterior e as paredes rebocadas e pintadas de branco. O teto, abobadado em madeira, de um azul esverdeado sóbrio, está ornado com duas pinturas de cariz popular. Ao fundo surge o altar branco em talha, com alguns pormenores dourados, ornado também com pinturas sacras de cariz popular e um santo António em madeira policromada. A capela está implantada numa pequena encosta, no largo de Santo António, ao fim da rua do fundo do lugar. Foi restaurada no fim do 1º quartel do séc. XX, entre 1923 e 1924, com o financiamento total de Luís Martins Borges, uma figura ilustre de Travanca de Lagos. A capela de Santo António assume também um papel fundamental no traçado do eco-trilho, ao ser o imóvel de referência de um entroncamento que poderá levar o(a) prezado(a) pedestrianista a 3 pontos de interesse: a dois magníficos lagares rupestres, as “lagaretas” da quinta do Boição e da quinta da Moreia, e as palheiras dos Covais. Portanto, caro(a) pedestrianista, sinta-se perfeitamente à-vontade de fazê-lo!
Local religioso
26. Igreja Paroquial de Travanca de Lagos
Não se sabe em que época foi erguida a primitiva igreja matriz de Travanca de Lagos, mas é possível que parte do templo que hoje se conhece remonte ao século XVI. Assim parece indicar o arco triunfal, com arco e fustes torsos, certamente de época manuelina.
A restante estrutura foi objeto de intervenções posteriores, nos séculos XVII ou XVIII. A fachada, com pilastras laterais coroadas por pináculos, termina em empena. Inferiormente, apresenta embasamento alto, ao nível dos degraus que permitem o acesso à porta principal, de verga reta e cornija saliente, sobrepujada por janela e óculo polilobado. À esquerda, ergue-se o volume correspondente à capela batismal, coroada por entablamento e sineira de dois arcos de volta perfeita.
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74933
FID
17
Anti
20
Name
Igreja Paroquial de Travanca de Lagos
Tipo
Ponto de interesse
Monumento
25. Cruzeiro, pelourinho ou padrão de Travanca de Lagos
Este elemento arquitectónico é simultaneamente ambíguo e interessante. Senão vejamos!
Quando observamos de relance esta peça escultória, salta a vista a cruz que a encima; aliás, uma cruz de excelente talhe, diga-se em abono da verdade. Entre o pedestal quadrangular de três degraus e a cruz, há uma coluna troncocónica e dois plintos; um que oferece um elemento cruciforme em cada uma das suas quatro faces, e, outro, que se sobrepõe na vertical ao anterior, exibindo o escudo de Portugal em cada uma das suas quatro faces. Se por um lado a cruz que se encontra no topo deste elemento arquitetónico poderá classificar o monumento de cruzeiro, tal como as cruzes do plinto que fica sob a coluna troncocónica, por outro, o escudo português poderá eventualmente classificá-lo de padrão.
A duvida subsiste: será este um marco que poderá definir a presença de um espaço sagrado? Aqui, não nos referimos concretamente à Igreja Matriz de São Pedro de Travanca de Lagos; mas, sim, à possível necrópole que em torno e no subsolo da igreja possa existir. Aliás, este possível contexto histórico-arqueológico (sepulturas em torno dos adros) não é único no concelho de Oliveira do Hospital; basta, para tal, visitarmos a Igreja Matriz de São Pedro de Lourosa, o espaço reservado ao fórum da antiga cidade romana de Bobadela ou a Igreja Matriz de Ervedal da Beira.
Outro especto curioso relativamente a este monumento é que algumas das secções pétreas que o compõem apresentam granitos de diferente natureza. O próprio talhe é diferente, entre essas secções. Deste modo, não podemos descartar a hipótese deste monumento já ter assumido diferentes funções ao longo da sua existência. E, hoje, ele poderá relatar acontecimentos da nossa história nacional, regional, concelhio ou mesmo local.
Waypoint
24. Junta de Freguesia de Travanca de Lagos
A casa da junta de freguesia fica situada no coração da aldeia e em perfeita harmonia com todo o conjunto de edifícios circundantes. Trata-se de uma bela casa com traços da arquitectura rural beirã, onde predomina, naturalmente, o granito. A ampla escadaria e a varanda com alpendre são dignas de relevo. No espaço adjacente, ajardinado com imenso bom gosto, podemos encontrar vestígios de um passado remoto e glorioso. As colunas romanas que ali se encontram recordam a proximidade com esplêndida cidade da Bobadela e a quase certa presença daquele povo em Travanca de Lagos. Outros povos deixaram a sua marca. A casa da junta tem paredes meias com um edifico onde se podem observar vestígios da comunidade judaica que aqui viveu. Voltando ao espaço ajardinado, podemos ver uma picota (cavaleiro, cegonha, burra, zingarelho e outros nomes). Basicamente é um aparelho que permite tirar água de um poço sem grande esforço graças a um contrapeso que levanta um balde de água.
A freguesia de Travanca de Lagos pertence ao concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, localizando-se a cerca de 10 quilómetros da sede concelhia. A Freguesia é composta pelas anexas Andorinha, Negrelos, Adarnela e Vendas de Gavinhos, para uma área total de cerca de 18Km2. Originalmente, era apenas designada por "Travanca". Ganhou o topónimo "de Lagos" por ter pertencido ao Concelho de Lagos da Beira com foral manuelino de 1514. O extenso Concelho extinto em 1836 englobava Póvoa das Quartas, Chamusca da Beira, Lagos da Beira, Travanca de Lagos, Andorinha, Negrelos, Covas e Balocas. A ocupação humana da freguesia remete à época romana, e o primeiro documento referente a Travanca de Lagos data do ano de 969.
Waypoint
23. Futuro Centro Interpretativo do Património Judaico de Travanca de Lagos (em estudo)
O centro interpretativo da cultura judaica de Travanca de Lagos surge como um propósito a ser consumado brevemente pelas instituições promotoras deste projecto. Situado no âmago do centro histórico de Travanca de Lagos, este espaço, que interpretará os inúmeros vestígios associados à cultura judaica (dispersos aqui e acolá pelo centro histórico desta singular freguesia) representará, indubitavelmente, uma tremenda mais-valia para esta carinhosa aldeia, para o concelho e para a região. Este imóvel devoluto reúne, em si mesmo, um conjunto de testemunhos do passado ligados à cultura judaica, ao quotidiano de qualquer judeu, tais como: um possível armário judaico, em pedra de granito; uma hipotética pilheira; um alçapão que dá acesso a uma loja térrea (tida como um provável ponto de fuga); alpendres, ombreiras e padieiras formados por pedras biseladas, e um conjunto de elementos cruciformes. Aliás, este imóvel é na verdade formado por um conjunto de três corpos habitacionais que ajudam a formar um logradouro, paredes-meias com a entrada/saída principal da Igreja Matriz de Travanca de Lagos. Não se sabe concretamente a data de construção deste imóvel enigmático. Todavia, nas suas proximidades existem casas cuja datação é comprovada por algarismos talhados em uma ou outra pedra das casas. Uma dessas datações remonta ao ano de 1623. É fundamental que este espaço, transmissor de cultura, seja uma realidade; a sua existência daria vida a uma cultura que urge ser estudada, interpretada e divulgada. Parece-nos também verdadeiramente interessante a construção/musealização deste equipamento, dado que num futuro próximo está também a inclusão deste nosso eco-trilho na ‘Rota Nacional das Judiarias’. E, na sua generalidade, este percurso pedestre, a par deste centro interpretativo, procurará, de igual modo, alavancar o turismo regional.
Geocache
22. Estação - Painel informativo, principal, de travanca de Lagos (Geocaching)
Este painel informativo, principal, colocar-se-á num sitio estratégico do casario travanquense. É muito provável que esse sítio recaia no seio do centro histórico de travanca de Lagos; provavelmente, junto à Igreja Matriz de São Pedro, ou, quem saberá, se não será bem próximo do futuro centro interpretativo da cultura judaica de Travanca de Lagos (consulte fotografia integrada neste ponto de interesse)! Nele serão apresentadas um conjunto de informações vitais para qualquer pedestrianista, que, ao percorrer este eco-trilho, passe por Travanca de Lagos. Da configuração da própria rota a uma série de características físicas sobre a mesma (extensão, duração, grau de dificuldade, sinalética associada e devidamente homologada…), passando pelo sentido recomendando e por um conjunto de informações sempre úteis ao pedestrianista (números de contacto urgente…), até à localização cartográfica de um extenso naipe de evidências histórico-arqueológicas (compreendendo a Época romana, passando pela Alta idade Média à Moderna, até à Época Contemporânea), dentro e nos arrabaldes de Travanca de Lagos. Aliás, esse futuro painel será desenvolvido muito à semelhança do que actualmente se encontra no jardim da cidade de Oliveira do Hospital, no jardim Dr. João de Oliveira Mano (consulte fotografia integrada neste ponto de interesse).
Atividade:
Encontre a cache... leva para casa uma pequena lembrança. Para tal, consulte a referência do Geocaching e pesquise pela seguinte cache GC9BQJ2. Boa sorte!!!
Waypoint
21. Fogão judaico a servir murete
É numa casa medieval que se encontra um curioso fogão a lenha em pedra. Era também um modo de manter a comida quente. Note-se que os judeus tinham o sábado como dia santo e não podiam realizar qualquer trabalho ou tarefa doméstica, incluindo cozinhar. Sendo assim, seria a sexta-feira o dia escolhido para as limpezas da casa e para a confeção da comida, inclusivamente a destinada às refeições de sábado, que mantinham quente nesse fogão, talvez a brasas e borralha.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Waypoint
20. Elementos cruciformes e Pilheiras
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As inscrições cruciformes são uma tradição cultural e etnográfica profundamente enraizada nas comunidades rurais portuguesas, identificando-se num grande número de lugares, aldeias, vilas e cidades do interior de Portugal.
Se facilmente reconhecemos nestes gestos do passado, a força e convicção da fé das comunidade cristã portuguesa, o senso-comum popular atribui, a muitas destas, um carácter judaico; sendo a interpretação de cada caso um desafio particular, que implica o efectivo conhecimento de diversos factores que constituem o contexto de cada objecto.
(Nem sempre a conotação deste símbolo teve na cristandade o seu reflexo ou intuito. São conhecidos diversos exemplos da utilização de cruciformes como marcas de delimitação de propriedades e até mesmo como limite entre concelhos, por exemplo, convertendo-se, pelo seu contexto (inscrito num penedo ou rocha, isolados), em algo prático e gráfico, como um símbolo que demarca um limite ou uma fronteira.)
É, ainda assim, para o universo dos aglomerados urbanos medievais e/ou modernos que a grande maioria dos cruciformes se integram, incorporando em si mesmos, uma profunda carga emocional, cultural e antropológica, que a tradição popular nos encaminha para as vivências das comunidades judaicas, apesar da grande maioria destes gestos gravados nas fachadas de imóveis, não remontar à Idade Média, como percebemos pela maioria dos contextos arquitectónicos, que nos indicam, pelo menos, as épocas Moderna e Contemporânea. Desta forma, enquadrá-los, não nas vivências dos judeus medievais portugueses, mas sim na realidade pela qual os seus descentes, os cristãos-novos experienciaram, e largamente sofreram por essa condição das suas vidas particulares e comunitária, parece mais adequado.
Uns com traços profundos, bem delineados, representando cada gesto firmemente, podemos entender como sinceras graças e demonstração da sua devoção; outros surgem-nos pouco cuidados, com traços hesitantes e irregulares, que podemos entender como um reiterado ato de acusação. Acrescentando a estes símbolos mágicos ou religiosos, a importância dos seus contextos, aparecem em diversas formas, latinas, gregas, em caravaca entre outras particularidades envolvendo elaborados pormenores entalhados.
As aldeias da região são também uma verdadeira viagem no tempo, onde o cenário criado pelo edificado pode, até na mesma rua, levar-nos do séc. XVII ao séc. XIX, encontrando-se várias inscrições cruciformes em diversos destes períodos.
Ainda nesta perspetiva, as Pilheiras são umas pequenas projeções dos edifícios como base para uma peana em um ou ambos os lados de uma janela de um piso superior. Apesar de hoje, frequentemente, se usarem como suportes para diversos objetos, desde os da devoção católica até a outros meramente decorativos, são também interpretados como uma reminiscência da sua utilização como suporte para o candelabro comemorativo do Hanukkah. Estes gestos e rituais podem ter permanecido através dos séculos, como uma referência externa de exibição religiosa do converso, logo, com uma função de proteção, análoga aos cruciformes gravados nas fachadas.
Seja como for, estas práticas, podendo efetivamente representar esta vivência particular da nossa história comum, transformaram-se em importantes e relevantes símbolos da paisagem das localidades rurais, continuando a inscrever-se nas fachadas dos imóveis até ao séc. XIX, como heranças culturais, ritualistas e intencionalmente devocionais à fé de Cristo, que ainda hoje podemos encontrar na forma de nichos, painéis de azulejo ou noutros suportes que testemunham a cristandade da família, que também representam o carácter protetor e mágico deste popular tipo de património cultural que tem na sua materialidade a fundamental componente imaterial que caracteriza as nossas comunidades rurais.
Waypoint
19. Casa com evidências judaicas
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O Casario do centro histórico de travanca de Lagos é profícuo em epígrafes que apresentam datas. Situados nas padieiras ou ombreiras de portas, num cunhal contrafortado de uma casa antiga ou mesmo isolados num silhar emoldurado por argamassa, lá estão esses testemunhos do passado a comprovarem a antiguidade desta aprazível e bucólica aldeia que dá pelo nome de Travanca de Lagos. O ano que se regista numa das imagens associada a este ‘ponto de interesse’ é 1743. De facto, as datas que a avulso se encontram por Travanca de Lagos compreendem os séculos XVII e XVIII. No âmbito deste projecto, a data mais antiga que conseguimos registar nesta localidade é 1623. Esta data ainda se encontra visível numa das casas mais antigas de Travanca de Lagos, situada na Travessa do Terreiro, tal como também se apresenta numa das fotografias deste ‘ponto de interesse’. Parece-nos bastante interessante apresentar esta janela cronológica, visto que estes séculos poderão possivelmente compreender o período mais faustoso da “travanca Judaica”, bem como desta região. A justificação para esta nossa interpretação poderá estar subjacente ao facto histórico que narra a expulsão dos judeus de Castela pelos reis católicos, em 1492, finais do século XV. No seguimento desta expulsão, os judeus foram obrigados a procurar novos espaços para viver, novos lares, onde pudessem reconstruir as suas vidas. Quem sabe se alguns desses locais de acolhimento não foram algumas localidades deste concelho, implantado no coração do Planalto Beirão?
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Waypoint
18. Casa com evidências judaicas
Vão de porta interna de moldura retilínea e torça em madeira. Estas estruturas internas na arquitetura vernacular estão associadas a estratégias de sobrevivência (mas também de identificação) das realidades sociais e culturais criptojudaicas, permitindo o acesso e a mobilidade entre os imóveis de forma a protegerem-se ou a fugirem de possíveis perigos representados pela vizinhança cristã-velha mas também na ação inquisitorial.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
FID
2
Anti
18
Name
Casa com evidências Judaicas:passadiço
Tipo
Ponto de interesse
Waypoint
17. Casa com evidências judaicas
Vão de porta com moldura retilínea, onde foram esculpidas barrigas, sensivelmente, a meio de ambas as ombreiras de forma a permitir a passagem de talhas para o vinho. Associam-se estas estruturas a estabelecimentos do tipo adegas ou tabernas da época contemporânea.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
FID
4
Anti
17
Name
Casa com evidências Judaicas:porta larga
Tipo
Ponto de interesse
Waypoint
16. Casa com evidências judaicas
A casa do senhor António Manuel apresenta dois vãos na fachada. Um corresponde a uma janela do tipo seteira, também chamada fresta ou postigo. Ou outro vão corresponde a uma porta com a torça em semicircunferência. A construção é de silharia de boa talha em granito amarelo.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Waypoint
15. Casa com evidências judaicas
A casa onde foi encontrado um fogão judaico apresenta uma fachada de vãos irregulares, composta por portas com diferentes vãos no rés-do-chão e janelas também diferentes no primeiro piso. Identificam-se ainda duas aberturas do tipo postigo ou seteira. A construção apresenta silharia irregular de média e grande dimensão em granito amarelo com juntas em cimento. Com beirado à portuguesa, é uma fachada comum a pelo menos três fogos.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Fonte
14. Fonte da Arcada
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A fonte da Arcada é, grosso-modo, uma fonte de chafurdo ou de mergulho. Esta fonte foi restaurada já na primeira década do século XXI, que lhe conferiu o seu aspecto actual. A sua arquitectura é muito à imagem das fontes da Eira (Bobadela) e do Outeiro (Travanca de Lagos). Ou melhor, é possivelmente uma tentativa de imitação dessas duas belíssimas fontes. Em abono da verdade, a requalificação a que foi sujeita esta fonte é amada por uns, e menos por outros. A montante da sua bica d´água ainda é possível observar o gigantesco afloramento rochoso que serve de amparo a uma fachada de alvenaria de granito. Este muro de granito é brevemente interrompido pela arcada da própria pia de água. Na verdade, esta fonte tem duas pias: uma que recebe directamente a água do veio que brota da rocha granítica – Esta pia encontra-se embutida entre os blocos de pedra natural e um passadiço, também ele composto por lajetas justapostas granito; e outra, que é perfeitamente visível, dado que esta pia se encontra no exterior do afloramento rochoso, sendo esta ladeada pelas tais lajetas. Talvez por esta fonte se encontrar junto de uma encruzilhada e/ou já estar afastada do cento da aldeia (sítio ermo), a tradição oral travanquense associa esta fonte a rituais espirituais.
Interseção
13. Saber Mais: Fonte da Arcada a 100 m
FID
1
OBJECTID_1
4
Name
sentido recomendado: Fonte Arcada a 96 m
Tipo
Waypoint
12. Casa com evidências judaicas
O armário judaico ou Aron Hakodesh, é uma estrutura embutida na parede das divisões inferiores destinada a guardar os rolos da Torah – Pentateuco ou livros da lei que seriam lidos durante os cultos religiosos. Na divisão superior encontra-se a Menorah – candelabro de sete braços ou lâmpada perpétua. Embora, como se pode ver na figura, este esteja globalmente preservado não está completo, pois a pedra inferior ficou tapada quando subiram o piso em aproximadamente 30 cm, o que nos impossibilita de reparar se a pedra tem os dois pequenos círculos típicos para sustentar o rolo da Tora.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Waypoint
11. Casa com evidências judaicas
Esta casa em Travanca de Lagos é um bom exemplo de como as casas judaicas estavam relacionadas com as profissões dos proprietários. Era um povo virado para os negócios e para as artes e ofícios, como ferreiros, sapateiros e alfaiates. Dedicavam-se também a profissões liberais como a medicina e o notariado. Assim instalavam as suas oficinas nos pisos inferiores, servindo os pisos superiores para habitação. O acesso entre pisos era feito por escadas internas. Muitas casas tinham passadiços e alçapões cuja função era iludir as autoridades.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/
Fonte
10. Lavadouro do Zambujeiro (largo do Rossio)
O lavadouro do Zambujeiro, situado em pleno largo do Rossio, era, até há bem pouco tempo e tal como os demais tanques colectivos, um espaço público destinado a lavar a roupa e/ou abastecer de água potável a população. É possível admitir que os lavadouros públicos tivessem surgido nos finais do século XIX. Até então, as mulheres lavavam a roupa no rio com os pés dentro de água, quer fosse verão ou inverno.
Da pedra de granito, aparelhada, ao tijolo-de-burro, passando pelos favos em betão e às paredes e travejamentos construídos em madeira tratada, até aos telhados de uma, duas ou mais águas compostas por telhas-de-canudo, de meia-cana ou mesmo utilizando uma cobertura mais arrojada formada por um conjunto de chapas sobrepostas de fibrocimento e assentes em vigas de betão, estes espaços públicos, cuja sua função entrou em desuso nestas ultimas décadas, eram, até então, o ponto-de-encontro de toda a aldeia. O lavadoiro do Zambujeiro é constituído por um enorme tanque de formato quadrangular, que regista uma “pedra lavadeira” em cada um dos seus pontos cardiais. Alguns dos materiais que foram usados na sua construção, são, em tudo idênticos, a outros lavadouros que ainda resistem, um pouco por todo o concelho, à água canalizada e às máquinas de lavar roupa. No caso concreto deste lavadoiro, o tanque foi integralmente construído em granito beirão, delimitado por um muro em subsolo, também ele em granito. A delimitação espacial do lavadoiro é feita através de um gradeamento em ferro, e a sua cobertura é formada por uma armação metálica, coberta por um telhado de duas águas e composto por telhas de meia-cana.
Segundo a tradição oral dos Travanquenses, o lavadouro do Zambujeiro era, por excelência, o ponto de encontro de toda a aldeia. Era naquele local que se lavava muita da “roupa suja” da aldeia ou se viviam momentos de enorme confraternização. Os Travanquenses mais idosos contam que nas veraneias ou primaveris tardes de domingo, enquanto as mulheres lavavam a roupa e cantavam modas regionais, os homens jogavam à malha no recreio da escola primária e ouviam o relato de um jogo numa telefonia.
Ao caírem em desuso, estes icónicos locais colectivos do passado, transformaram-se, no presente, em elementos turísticos.
Ruínas
09. Troço de via romana
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As estradas romanas serviam de ligação, da forma mais direta possível, entre capitais de civitates (cidades romanas). Alguns locais, pelas suas fortes pendentes, pelo perigo de inundação ou na entrada de espaços urbanos eram providos de calçadas. As calçadas a par com os marcos milIários são os dados mais fidedignos que dispomos para analisar a rede viária romana.
De Bobadela partiam várias estradas, que se encontravam ligadas a outras cidades romanas vizinhas, como a Igaedis (Idanha-a-Velha), a Conimbriga (Condeixa-a-Velha), a Aeminium (Coimbra), a Talabriga (Cabeço do Vouga, Águeda), a Vissaium (Viseu) e à possível capital dos Lancienes Transcudani (Póvoa de Mileu, Guarda). Ao longo do percurso existiam estalagens de apoio aos viajantes para que no final de um demorado dia de marcha as pessoas e os animais pudessem descansar.
Travanca de Lagos, face aos resultados de recentes investigações, parece ser uma zona de passagem de algumas vias importantes. A sua proximidade geográfica à zona urbana de Bobadela Romana, permitir-lhe-ia uma localização estratégica para o acesso a territórios de outras civitates. Alguns dos sítios rurais identificados manifestam essa preponderância na paisagem.
Referências:
Brito, João Cid (2021), O Povoamento Rural Romano Entre O Mondego E O Cobral. Dissertação De Mestrado Em Arqueologia E Território Apresentada À Faculdade De Letras Da Universidade De Coimbra, Pp 45-55.
Carvalho, Pedro C., Silva, Rui M. (2018). Bobadela Romana: Splendidissima Civitas. Ed. Arqueohoje.
Hall, Tarquínio (1998). As Pontes Romanas Do Concelho De Oliveira Do Hospital. In Concelho De Oliveira Do Hospital: Subsídios Para A Sua História, Ed. Grafibeira, Pp. 197-200.
Mantas, Vasco (1990), A Rede Viária Do Convento Escalabitano, In Simpósio Sobre La Red Viaria En La Hispania Romana. Institucion Fernando El Catolico, Zaragoza, Pp. 219-239.
Mantas, Vasco (1986). A Rede Viária Romana Da Faixa Atlântida Entre Lisboa E Braga. Dissertação De Doutoramento Em Arqueologia, Policopiada, Apresentada À Faculdade De Letras Da Universidade De Coimbra.
Mantas, Vasco (2012). As Vias Romanas Da Lusitânia. Museo Nacional De Arte Romano. Mérida.
Mantas, Vasco (2019), Da Capital Da Lusitânia A Bracara Augusta Pela Serra Da Estrela, In Conimbriga Lviii, Ed. Instituto De Arqueologia Da Universidade De Coimbra, Coimbra, Pp. 255-300.
Sítio arqueológico
08. Sepulturas escavadas na rocha e epígrafe do Alto do Zambujeiro
Um dos vestígios dignos de preservação e que nos permitem referenciar um sítio como alto medieval são as sepulturas escavadas na rocha. O sítio do Alto Zambujeiro localiza-se num planalto, local onde se inscrevem três sepulturas escavadas em rocha granítica. Duas das quais antropomórficas e uma não antropomórfica.
Próximo do local das sepulturas, encontra-se um penedo granítico destacado na paisagem, com uma inscrição, sendo possível ler: “...EM MARCO DE 1666”.
Para mais informações consultar:
http://travancacomhistoria.blogspot.com/2012/
Interseção
07. Saber Mais: Sepulturas escavadas na rocha e epígrafe do Alto do Zambujeiro a 530 m
Waypoint
06. Estação - Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (Ancose)
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A ANCOSE, a 6 de novembro de 1981, foi constituída por um grupo de criadores de ovinos da raça autóctone Serra da Estrela e teve como principal objetivo, o melhoramento genético e a defesa da raça. Entre 1981 e 1986, a ANCOSE assegurou, em parceria com os serviços oficiais e o Parque Natural da Serra da Estrela, a execução do contraste leiteiro (avaliação da quantidade e qualidade do leite), tendo então sido alargado a vários concelhos do solar da Raça Ovina Serra da Estrela. Após 1986, a ANCOSE passou a assumir integralmente o contraste leiteiro, e abrange todos os concelhos do solar da raça.
Em 1984, a ANCOSE é nomeada como entidade gestora do livro genealógico da raça ovina Serra da Estrela, sendo até hoje, fiel depositária deste livro, contando com 267 produtores aderentes. Em 1990, é instalado na ANCOSE, o centro de testagem de reprodutores masculinos, dando-se inicio à experiência de inseminação artificial em ovinos Serra da Estrela. É ainda em 1990, que o núcleo de ovinos Serra da Estrela, representa Portugal na prestigiada feira internacional de Paris, onde compete com outras etnias mediterrânicas de aptidão leiteira.
Em 1984, é elaborado o programa de melhoramento da raça ovina Serra da Estrela, estando neste documento descritos quais os objectivos a atingir no melhoramento desta raça. Em 1997, foi criada na ANCOSE, uma oficina/queijaria, destinada ao fabrico experimental e demonstrativo do queijo Serra da Estrela. A criação desta oficina permitiu que se estabelecessem estudos em parceria com estabelecimentos de ensino superior, sobre leite e cardo.
Atividades:
O(A) pedestrianista poderá visitar o espólio relevante sobre a produção agro-pecuária de Ovelha Bordaleira Serra da Estrela com forte impacto na região onde se produz o famoso Queijo da Serra da Estrela.
Para mais informações consultar:
https://www.ancose.com/associacao/
Sítio arqueológico
05. Dólmen do Pinheiro dos Abraços ou Anta da Coitena
O Dólmen da Bobadela, também denominado por Anta do Pinheiro dos Abraços ou da Coitena, encontra-se já desprovido da quase totalidade das lajes que originalmente cobririam toda a sua estrutura interna, sendo composto por um montículo artificial, em terra e pedras, encerrando uma câmara poligonal alargada com oito esteios e um longo corredor de acesso com sete metros de extensão.
Este monumento terá sido construído há cerca de 6 000 anos, tendo-se aí depositado um reduzido numero de indivíduos acompanhados por um abundante e diversificado conjunto de materiais líticos (pontas de seta, lâminas, micrólitos, enxós, machados e contas de colar) e cerâmicas (cerca de meia centena de recipientes, alguns dos quais decorados). Após um curto período de utilização, terá sido encerrado, sendo reutilizado largas centenas de anos depois. A comprová-lo estão alguns fragmentos de cerâmica manual lisa ou decorada, assim como uma ponta de seta em cobre.
Para mais informações consultar:
https://issuu.com/arqueohojelda8/docs/oh_brochura
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A fonte da Eira é uma fonte de ‘chafurdo’. Este ponto d´água situa-se a escassos 100m da fonte da Casa dos Godinhos; ou seja, do ‘Ponto de Interesse’ nª3 deste eco-trilho. Esta tipologia de fonte é também designada de ‘mergulho’. Esta fonte dá pelo nome de 'Eira, dado que coabita há tempo indeterminado com uma magnifica eira, espaço, esse, utilizado para a malha, debulha e secagem dos cereais.
As fontes de chafurdo ficam normalmente abaixo da cota do piso-de-circulação, em subsolo; ficando, grosso-modo, ao nível do lençol freático, ao nível da sua nascente. Deste modo, a água é naturalmente encaminhada para a sua pia, em virtude da ação da força gravítica. O acesso à sua pia de imersão faz-se através de alguns degraus. Outrora, o hábito de ir com um cântaro à cabeça ou no regaço e mergulhá-lo na pia de uma fonte de chafurdo ou de mergulho estava enraizado no quotidiano das gentes das freguesias de Bobadela. A fonte da Eira é de uma arquitetura invejável. Neste âmbito, damos enfase aos silhares que dão corpo à sua abobada magistral. Os silhares que revestem esta fonte encontram-se bem preservados.
Não sabemos concretamente a sua idade. Sabemos, contudo, que a sua função na comunidade bobadelense poderá ser milenar. Em 1981, iniciou-se a escavação arqueológica do anfiteatro da outrora cidade romana de Bobadela. Quando foi colocado à luz do dia todo o esplendor do chão da arena do anfiteatro, observou-se um paleo-canal (uma conduta escavada no solo, em forma de meia-cana) que trespassa na totalidade esse recinto de jogos de época romana. E esse pale-canal tomava a direção da fonte da Eira. Deste modo, não podemos descartar a hipótese desta fonte ser datada da época romana; principalmente, quando em 2011 foi identificada uma cisterna escavada na rocha que, tomando também a direção da fonte e do próprio paleo-canal, poderia muito bem ser o deposito-de-água da fonte da Eira.
Fonte
03. Tanque da casa dos Godinhos
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Em meados do século XIX, este tanque, de talha arquitetónica invejável (com bica de água e nicho com painel azulejar) era parte integrante da propriedade da casa senhorial dos Godinhos. Este imóvel de arquitetura sóbria e postura marcante no centro histórico da freguesia de Bobadela, foi propriedade da família Freire de Andrade e na qual viveu o General Gomes Freire de Andrade no princípio do século XIX. Atualmente este palacete alberga o Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva. Da área agro-pastoril desse belíssimo solar, datado da época moderna, faziam também parte a fonte da Eira, a própria eira e o espaço presentemente reservado ao anfiteatro da outrora cidade romana de Bobadela. Em redor do tanque, o(a) caro(a) pedestrianista poderá também observar, aqui e acolá, um ou outro elemento arquitetónico da época romana. Aliás, o(a) prezado(a) caminhante poderá ter a oportunidade de visitar estas realidades histórico-arqueológicas, dado que as mesmas bordejam o próprio trilho. Segundo a tradição bobadelense, conta-se que este tanque era ponto de encontro de lavadeiras e namoricos. Em meados do século XX, este tanque perdeu a preponderância das suas funções, em prol dos atuais tanques públicos, situados nas imediações do parque infantil de Bobadela.
Ruínas
02. Estação - Ruinas Romanas de Bobadela
As Ruínas Romanas da Bobadela são um dos mais importantes e bem preservados conjuntos arquitetónicos de valor histórico arqueológico da época romana em Portugal. Este complexo de valiosíssimos vestígios do passado, disperso pelo centro histórico da aldeia de Bobadela (Oliveira do Hospital), estudado ao longo dos tempos pela comunidade científica e admirado pelos seus visitantes, mereceu há muitos anos a classificação de Monumento Nacional. Ao arco romano foi-lhe atribuída a designação de "Arco Monumental de Bobadela", ao mesmo tempo que foi classificado de Imóvel de Interesse Nacional (IIN) a 16 de junho de 1910. Mais tarde, em 15 de abril de 1936, a classificação de Monumento Nacional foi estendida a todo o complexo, alterando-se a designação para «Ruínas Romanas de Bobadela». Entre o diversificado acervo que se encontra exposto ao ar livre, em pleno tecido urbano da bucólica aldeia, destacam-se: as remanescências estruturais da principal praça da outrora cidade romana, o forum; o majestoso arco; as epígrafes dedicadas à Splendidissima Civitas, a Júlia Modesta e a Neptuno; a enigmática cabeça de um imperador romano; e o magnífico anfiteatro. O fórum romano era composto por uma grande praça rodeada de pórticos e edifícios que frequentemente se encontrava próxima da confluência de duas vias principais de uma cidade romana, o cardo maximus e o decumanus maximus. O fórum de Bobadela é todo um grande complexo monumental, isolado por um muro do resto da cidade, que poderá ter adotado o modelo de basílica cum cede vitruviano. Mais tarde, na época posterior à municipalização da cidade, o interior do fórum comportava um templo principal consagrado ao culto imperial e, possivelmente, dois templetes, um dedicado ao Génio do Município e outro consagrado a Vitória. Contudo, desconhecem-se quaisquer estruturas arqueológicas pertencentes à cúria ou à basílica romanas. Este espaço nevrálgico da capital de civitas bobadelense teve a partir da época julio-claudiana um importante surto de obras, que atingiram o seu auge na época flaviana ou mesmo trajaniana.
Arco Romano
de "...coisa ainda dos Godos..." a "...pórtico d'algum edifício grandioso, por quanto n'elle vemos ainda hoje dois trancadores bem formados...", o imponente arco romano de Bobadela é, na verdade, o acesso nascente do fórum. O arco de volta perfeita foi construído em grandes blocos de granito, de silharia almofadada (aparelho rústico) e assentes sem qualquer argamassa. As suas aduelas foram rematadas por uma cimalha de moldura muito simples. Os elementos arquitetónicos que compõem o arco apresentam um par de orifícios, previamente talhados em lados opostos, onde era fixado o forfex (gancho de metal empregue para elevar os pesados blocos, no momento da construção do monumento). As extremidades deste robusto "alicate" coincidiam com os dois pequenos orifícios. A pressão exercida pelo forfex sobre os orifícios permitia que os blocos de granitos fossem, deste modo, colocados no devido lugar.
O anfiteatro romano de Bobadela foi utilizado desde os finais do séc. I d.C. até finais do séc. IV d.C. como local de espetáculos e lutas. Era constituído por uma arena elíptica, de orientação norte-sul e com um pavimento em areão crosso. O muro do podium que circundava a arena era marcado por duas entradas no seu eixo maior e constituído com fiadas de blocos de granito, rematadas por uma cornija de duas peças. O enchimento da cavea (espaço reservado às bancadas), com cerca de 10m de largura, aproveitou sempre que possível o afloramento rochoso e sobre ele assentam as bancadas de madeira.
Referências:
Silva, Rui. (2014). Bobadela em Época Romana: Cidade e Território Periurbano. Dissertação de Mestrado em Arqueologia e Território. Departamento de História, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Atividades que se podem fazer aqui:
O(A) caro(a) pedestrianista é desafiado(a) a entrar no anfiteatro da outrora cidade romana de Bobadela, a splendidissima civitas, e, munido de um arco e flechas, poderá pôr à prova a sua pontaria ao tentar acertar no alvo que se encontrará à sua disposição no interior da arena desse palco de lutas, desse lugar de espetáculos e divertimento das gentes de então. Para tal, basta que requisite o arco e as flechas na receção do Centro Interpretativo das Ruínas romanas de Bobadela. Ou, então, o(a) prezado(a) poderá repousar por instantes. Enquanto repousa, sempre poderá levar a cabo a ancestral tarefa de moldar um recipiente na roda-de-oleiro que se encontra à sua disposição, bem perto do forno comunitário. Enquanto molda, sempre poderá contemplar os vestígios do antigo fórum desta outrora cidade romana, engalanado pelo seu majestoso arco romano, e, num olhar mais demorado pela linha de horizonte, poderá também reconhecer o outeiro de São Sebastião (sítio de um povoado fortificado da Idade do Bronze Final – 1000 a.C), e adornado pela capela de São Sebastião. Procure o barro na receção do Centro Interpretativo das Ruínas Romanas de Bobadela.
Para mais informações consultar:
https://www.cm-oliveiradohospital.pt/index.php/turismo/patrimonio-nacional/patrimonio-classificado-de-interesse-nacional
https://ruinasromanasdabob.wixsite.com/geral/
Museu
01. Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva
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Na Casa dos Godinhos, que foi propriedade da família Freire de Andrade e na qual viveu o General Gomes Freire de Andrade no princípio do século XIX, está hoje sediado o Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva.
Fruto de um trabalho árduo e meticuloso levado a cabo pelo Dr. António Simões Saraiva que reorganizou os espaços, restaurou as peças e as distribuiu pelas salas e expositores, o Museu foi inaugurado no dia 16 de abril de 2005, depois de 11 anos em que permaneceu encerrado.
Guarda interessantes obras de pintura e escultura, oleografias, gravuras e significativos apontamentos etnográficos com peças doadas por particulares da Bobadela e de outras localidades do Concelho.
Assinale-se uma sala dedicada ao jovem e exímio escultor de Meruge, Zeferino Monteiro, na qual também se encontram peças de Ema Brandão e a Sala da notável figura da literatura do século XVII e autor do poema épico Viriato Trágico, Brás Garcia de Mascarenhas, que pretende retratar o que seria o seu gabinete de trabalho.
No seu conjunto, as diversas salas do Museu têm a intenção de reconstituir épocas passadas que muito nos dizem e tocam, porque evocam personalidades, profissões e espaços desaparecidos, entre outras preciosidades.
Referências:
Alarcão, Jorge De (2002/2003): A Splendidissima Civitas De Bobadela (Lusitânia), In Revista Anas, 15-16. Museo Nacional De Arte Romana. Mérida, P. 155-156/Est. 1, 158-159, 160, 161-165, 168-171, 174.
Carvalho, Pedro C. (2006): Cova Da Beira: Ocupação E Exploração Do Território Na Época Romana. Dissertação De Doutoramento Na Área De História, Especialidade De Arqueologia, Apresentada À Faculdade De Letras Da Universidade De Coimbra, Sob A Orientação Do Professor Doutor Jorge De Alarcão. Faculdade De Letras Da Universidade De Coimbra, P. 40-41, 61-67, 73-74, 78, 83, 106-114, 118, 124-125. Isbn: 978-972-8959-06-7. Depósito Legal: 261283/07.
Frade, Helena; Portas, Clara (1992): A Arquitectura Do Anfiteatro Romano De Bobadela. Bimelenario Del Anfiteatro Romano De Mérida, In «Coloquio Internacional: El Anfieatro Em La Hispania Romana». Mérida. Noviembre, P. 349-350, 355.
Frade, Helena; Caetano, José Carlos; Portas, Clara; Madeira, José Luís (1995): Notas Para O Estudo Do Urbanismo Da Cidade Romana De Bobadela. Separata Das Actas Dos Trabalhos De Antropologia E Etnografia. Vol. Xxxv - Fasc. 4. Porto, P. 221-223, 225, Est. Ii - Fig.2, 227-228.
Frade, Helena (2010): “Os Fora De Bobadela (Oliveira Do Hospital) E Da Civitas De Cobelcorum (Figueira De Castelo Rodrigo) ”, In «Ciudad Y Foro Na Lusitania Romana». Revista Studia Lusitana, N.º4, Mérida, P. 224/Lâmina 3.2, 230-231/Fig.1, 232-233, 235. Isbn: 978-84-613-4193-1, Depósito Legal: Ba-381-2010
Para mais informações consultar: https://cm-oliveiradohospital.pt/index.php/municipio/documentos-online/outros-1/372-museu-municipal-dr-antonio-simoes-saraiva/file
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