Eco-Escolas Eco-Trilho Agrupamento de Escolas de Santa Comba Dão
perto de Santa Comba Dão, Viseu (Portugal)
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Fotos da trilha



Descrição do itinerário
Este trilho inclui seis estações/pontos de interesse que enriquecem a experiência dos participantes:
Fonte do Serrado: Um ponto de partida refrescante onde se pode observar a importância das nascentes na geodiversidade local.
Igreja Matriz de Couto do Mosteiro: Um local histórico que revela a ligação entre a geologia e o património cultural através dos materiais utilizados na sua construção.
Lajes do Couto: Formações rochosas impressionantes que ilustram os processos geológicos de erosão e sedimentação.
Centro do Couto do Mosteiro: O coração da freguesia, onde se pode apreciar a influência da geodiversidade na organização urbana e no desenvolvimento comunitário.
Marco da Portela: Um ponto geodésico que oferece uma vista panorâmica, destacando as principais características geográficas e geológicas da região.
Jardim do Outeiro de Couto do Mosteiro: Um espaço verde que demonstra a relação entre a geodiversidade, a flora e a fauna locais.
O objetivo deste eco-trilho é dar a conhecer o património histórico-cultural e natural de Couto do Mosteiro. Pretende-se despertar a consciência para os aspetos relevantes da geodiversidade (parte abiótica), evidenciando as formações rochosas e os solos da região, assim como os aspetos culturais indicadores da ocupação humana e os principais aspetos da biodiversidade (parte biótica). Este trilho destaca o conhecimento, a interpretação e a educação ambiental do território próximo e envolvente à escola, promovendo a valorização e o desenvolvimento do turismo de natureza e do turismo sustentável.
Recomenda-se a realização deste trilho em qualquer época do ano. Para uma experiência confortável e segura, sugere-se o uso de roupa e calçado adequados à caminhada, uma garrafa de água para hidratação e uma pequena mochila com caderno, lápis ou caneta para realizar as atividades sugeridas ao longo do percurso.
Descubra e desfrute do Eco-Trilho “Caminhos da Geodiversidade: Descobrir Couto do Mosteiro”, uma jornada educativa e envolvente que conecta a geodiversidade, a cultura e a natureza da região.
Pontos de passagem



Estação 1 - Fonte do Serrado
…em Santa Comba Dão, no bairro do Serrado, a cerca de 700 metros da Escola Secundária de Santa Comba Dão, encontra-se localizada a Fonte e Parque do Serrado. A história que envolve esta fonte é desconhecida pela maior parte dos habitantes, mas bastante curiosa e interessante. A pedra que hoje envolve e ornamenta a Fonte do Serrado é originária da localidade do Coval. Na década de 60 do século XX, foi construída uma fonte na estrada do Coval em direção ao Rio Criz, cujas águas se tornaram impróprias para consumo, “ferrozas” segundo os mais velhos, o que fez com que a fonte ficasse esquecida e ao abandono. Sabendo da existência de uma nascente e bica de água no Bairro do Serrado e perante o abandono da Fonte do Coval pela sua inutilização, o executivo camarário procedeu à transferência da Pedra de granito para a bica de água localizada no Bairro do Serrado, dando uma nova vida à bica e a pedra que a ornamenta e circunda, o que valorizou o espaço envolvente e o parque do bairro, tornando-o num espaço de lazer mais aprazível, atrativo e um espaço privilegiado de confraternização, estabelecendo importantes pontos de encontro e comunicação. Uma nascente de água consiste no afloramento da água de um lençol freático na superfície do solo. A água existente nesses lençóis freáticos resulta da infiltração de água no solo, principalmente pela precipitação da chuva, um processo que faz parte do ciclo da água. Localizam-se em pontos onde o lençol freático está muito próximo ou rompe a superfície, geralmente em encostas ou depressões do terreno. As nascentes de água são parcialmente responsáveis pela origem dos recursos hídricos utilizados pelas populações e pelos vários setores económicos. No entanto, são também a parte mais frágil do ciclo hidrológico, pois podem desaparecer por causa de práticas indevidas. As fontes e fontanários, cada vez menos utilizados, constituíram durante muito tempo um marco na vida das pessoas. Eram, muitas vezes, o único local de obtenção de água, quer para beber, lavar ou cozinhar, também serviam como pontos de encontro para conversas, tertúlias e até alguns namoros. Muitos dos mais velhos ainda se lembram e contam histórias sobre ir buscar água à fonte com cântaros ou bilhas.



Estação 2 - Igreja Matriz de Couto do Mosteiro
Existe uma referência antiga, embora não confirmada, de que no local onde existe a igreja Matriz do Couto do Mosteiro, edificada em 1150 terá existido um mosteiro ligado à ordem dos templários. Esta igreja, reconstruída em 1661, foi também alvo na segunda metade do século XVIII de uma reconstrução da fachada principal, da torre e dos cunhais. É um edifício do estilo barroco, com a fachada principal a terminar em empena e torre sineira adossada do lado esquerdo. No interior da igreja, destacam-se os tetos abobadados com pinturas quinhentistas de temática religiosa e o altar-mor em talha dourada. Encontra-se depositado, na casa paroquial, ao lado da igreja, um bloco de granito que ostenta um alto-relevo antropomórfico, parte de uma jamba ou do início de uma arquivolta do portal 50. A peça encontrada é, até à data, o único vestígio do edifício românico da Igreja de Santa Columba, construído em 1150. São também visíveis, na parede leste da plataforma da igreja, os vestígios de estruturas colmatadas pelo adro. Regista-se ainda um forno comunitário de época moderna na lateral sul da igreja.



Estação 3 - Lajes do Couto
A rua que nos leva no percurso entre a Igreja Matriz do Couto do Mosteiro e o local apelidado de Lajes do Couto, chama-se Rua do Calvário. Nas Lajes do Couto, situadas na parte mais alta do Couto do Mosteiro, encontra-se uma Cruz em pedra, fazendo referência religiosa ao percurso que era marcado com cruzes e que era atravessado enquanto se rezava em cada uma das suas estações, como forma de recordar o caminho de Jesus até ao monte onde foi crucificado. Este local apresenta uma área aplanada, onde aflora o substrato granítico. A erosão neste local é bastante interessante, porque se podem observar pias de várias dimensões, com água a preencher muitas delas. O testemunho dos mais velhos também nos diz que este local era aproveitado para a secagem de cereais, funcionando como eira, principalmente durante o Verão. O território de Santa Comba Dão corresponde à grande superfície de aplanação localizada entre as Serras do Caramulo e da Estrela, subindo ligeiramente para leste, onde se encontram as zonas de maiores altitudes. Este território foi profundamente esculpido pelos vales dos rios Mondego e Dão, cujos percursos são praticamente paralelos. Para os rios Dão e Mondego, rios que integram o território de Santa Comba Dão, converge o rio Criz, afluente, que atravessa este concelho e cujos vales são, muitas vezes, sinuosos e apertados. Do ponto de vista geológico, o território onde se localiza o concelho de Santa Comba Dão e, em particular, Couto do Mosteiro designa-se por Complexo Xisto-Grauváquico ante ordovícico (CXG), termo que ainda se utiliza, mas que posteriormente se designou por Super-Grupo Dúrico-Beirão. Este complexo é principalmente composto por xistos e grauvaques, formando séries alternadas do tipo "flysch", com algumas intercalações marginais de conglomerados, arenitos e quartzitos. Estas camadas foram deformadas, geralmente comprimidas e fraturadas, e sofreram uma erosão intensa. A base das formações ordovicianas assenta em discordância sobre o Complexo Xisto-Grauváquico. Estes terrenos foram afetados por um metamorfismo regional de baixo grau (fácies dos xistos verdes), e perto de intrusões de rochas granitóides, o efeito do metamorfismo de contacto sobrepõe-se. Nos contactos com os corpos graníticos, frequentemente ocorre o desenvolvimento de auréolas de metamorfismo, compostas por corneanas e faixas de xistos e metagrauvaques estaurolíticos, andaluzíticos e granatíferos, apresentando um aspecto mosqueado. Em síntese, pode concluir-se que esta região é predominantemente granítica, com algumas manchas de xisto, rochas filonianas e depósitos modernos de cobertura. O granito apresenta diferentes texturas, embora seja predominantemente monzonítico, com duas micas, principalmente biotítico.



Estação 4 - Centro do Couto do Mosteiro
O Couto do Mosteiro é uma terra antiquíssima, com um ambiente fidalgo, que se localiza a cerca de 3 km de Santa Comba Dão, destacando-se pela beleza e riqueza do património histórico edificado e pela paisagem natural envolvente. Um documento do século XII revela que Couto do Mosteiro já era um povoado fortificado na Idade do Ferro, servindo como reduto defensivo na época medieval. Em 1255, D. Afonso III instituiu o Couto e o doou estas terras aos bispos de Coimbra, facto que acabou por perpetuar o nome do Couto do Mosteiro até aos dias de hoje. A importância de Couto do Mosteiro foi reconhecida por D. Manuel I, que lhe concedeu foral em 1514, elevando-a à categoria de vila e sede de concelho até o ano de 1836. No centro da aldeia, encontra-se localizado um edifício antigo ostenta o brasão de armas de Portugal em estilo pombalino, encimado pela coroa real e com a inscrição "a.n.o.d. – e. 1773". Este edifício serviu como Câmara Municipal, Tribunal e Escola Primária ao longo dos tempos. Perto dali, encontra-se o pelourinho quinhentista, um imponente monumento de granito que atesta o passado jurídico da vila. A sua construção, que ainda hoje se pode observar junto ao edifício da antiga Casa da Câmara, terá ocorrido após a carta de foral manuelina, durante o século XVI. Em frente ao pelourinho ergue-se o Solar dos Costas, uma casa senhorial de granito que ostenta o esplendor da nobreza rural do século XVIII. Construída em 1766 por Luís Gomes Pires, figura proeminente da região, a casa destaca-se enquanto símbolo da riqueza e do poder da época. Este fidalgo confrontou-se com a igreja para fazer aprovar um passadiço que liga a casa à capela da povoação, onde fez obras de beneficiação e um coreto para assistir à missa, como grande senhor. No solar destacam-se alguns elementos arquitetónicos decorativos, na entrada, a figura de convite, um soldado romano em azulejos, predominantemente azuis ou os painéis com cenas de caça e pesca, "figuras de cortesia" e representações religiosas transportam os visitantes para o século XVIII.



Estação 5 - Marco Geodésico da Portela/ Cabeço da Forca
A Rede Geodésica Nacional (RGN) diz respeito ao conjunto de pontos, vértices da malha triangular ou rede, identificados pela sua posição relativa e coordenadas geográficas (vértices geodésicos) de coordenadas determinadas com precisão. Esta infraestrutura, além de servir de apoio a trabalhos de topografia e geodinâmica, constitui-se como base para a definição do referencial geodésico nacional. Os marcos geodésicos são pequenas construções, geralmente de betão, em forma cilíndrica ou piramidal, popularmente conhecidas por “talefes”, que têm como função representar pontos de referência no território (daí a sua implantação em locais altos e destacados), com visão para outros marcos, permitindo a obtenção de coordenadas geográficas com elevada precisão. Em Portugal, existem cerca de 8600 vértices geodésicos, formando a rede geodésica portuguesa, dividindo-se em três ordens de importância/visibilidade: 1.ª ordem (em forma de pirâmides quadrangulares, distando entre 30 a 60 quilómetros); 2.ª ordem (cilindro mais cone com listas, distando entre 20 a 30 quilómetros); 3.ª ordem (cilindro mais cone listado, de tamanho menor que o anterior, distando entre 5 a 10 quilómetros). De acordo com as características que se podem observar, o marco geodésico da Portela é um vértice de 3.ªordem. Os vértices da Rede Geodésica Portuguesa de 3.ª ordem não apresentam altura total fixa, à semelhança dos vértices geodésicos de 2 ª ordem. Difere-se dos vértices geodésicos de 2.ª ordem por não apresentarem faixa de cor preta a envolver o cilindro que constitui a base da estrutura. Este local, também conhecido por Cabeço da Forca, é o ponto mais alto da povoação da Portela e testemunhou alguns acontecimentos históricos de Portugal ao longo dos séculos, uma vez que a sua localização permitia que o local fosse um ponto de vigia, oferecendo uma vista panorâmica sobre a região, antecipando ataques inimigos, por exemplo. A história refere que em 1810, na terceira invasão francesa, o general Massena entra com as suas tropas pela Beira, conquista Almeida e marcha em direção ao litoral. Seguindo a margem direita do rio Mondego, os franceses fizeram o percurso 'Mangualde, Nelas, Carregal do Sal, Parada, S. João de Areias, Vimieiro', passando ao lado de Santa Comba Dão e continuando a estrada real por Couto do Mosteiro, Colmeosa, Rio Criz, Pala, Trezói, e Vale da Mó'. No dia 19 de setembro, ao passarem por Couto do Mosteiro, sofrem uma emboscada. A população do Couto do Mosteiro, aliada às milícias portuguesas consegue infligir várias baixas nas tropas francesas, o que as faz retaliar no dia seguinte. Apanhando alguns populares nas redondezas, enforcam-nos no lugar que ainda hoje é referenciado por “Cabeço da Forca” (zona mais elevada da povoação da Portela - local onde se encontra o marco geodésico). Também neste caso, a toponímia diz muito da história do lugar – e preserva memórias que há que conhecer e respeitar.



Estação 6 - Jardim do Outeiro de Couto do Mosteiro
O Jardim do Couto do Mosteiro apresenta-se como um local bastante aprazível, situado num vale entre a localidade do Outeiro e Vila de Barba, pertencente à União das Freguesias de Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro. Este local foi alvo de uma requalificação do espaço envolvente e transformado num parque de lazer e de merendas, onde é possível desfrutar do contacto com a natureza e realizar diversas atividades, de acordo com as preferências dos visitantes. Este parque é atravessado por uma ribeira, a Ribeira das Hortas, que nasce na Fonte do Salgueiral, a 6 km da cidade de Santa Comba Dão. Este curso de água, apesar das suas águas não serem utilizadas com a intensidade de outrora, cujo percurso da ribeira incluía a existência de vários moinhos de água, continua a ser importante para a irrigação de hortas e outros terrenos agrícolas. A História geológica vivenciada ao longo de milhões de anos nesta região, desde a ação da água ou do vento moldaram o solo e as rochas e influenciaram, por conseguinte, a paisagem, criando vales e encostas, bem como o tipo de agricultura existente e a vida das populações desta área. A queda de água que se vislumbra neste parque está relacionada com as diferentes resistências à erosão por parte dos materiais rochosos que aqui afloram. Quando se caminha por este jardim, é fácil perceber a importância que os elementos da geodiversidade apresentam na organização do espaço e a forma como influenciam a biodiversidade da fauna e da flora existente, contribuindo para a sua manutenção e preservação.
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