Travessia de 54km de Guaporé a Muçum. Passando por diversos túneis com total escuridão e diversos viadutos. Entre eles, três viadutos metálicos vazados (que dão uma sensação esquisita pelo movimento das árvores que correm ao lado e entre os dormentes) e o imponente mas não tão assustador viaduto V13 o mais alto das Américas e o terceiro mais alto do mundo.
Uma caminhada dura sobre trilhos, com abertura do passo limitada pelo espaçamento de seus dormentes, onde para manter um ritmo respeitável e necessário caminhar sobre pedras. No fim do dia o corpo está um pouco castigado pelo peso da mochila, que no nosso caso, possuía 20kg cada. Os pés, ah os pés, sobre esses, bom nem comentar, só vou dizer que a bota Finestere da marca Vento aguentou muito bem o tranco que não foi pouco.
A primeira noite foi gelada por estarmos com pouca luz do dia, tivemos que acampar em um local úmido e nem uma fogueira foi possível acender. Essa noite a sensação térmica sem dúvida chegou a zero. O frio foi tão grande que cozinhamos nosso arroz no óleo do atum e resolvemos comer dentro da barraca, eram 20:00 e já estávamos prontos para dormir. As 00:16 um som alto nos acorda de susto era o "trem da meia noite", rasgando a noite com seu som estridente.
Lição aprendida, no segundo dia decidimos não perder a luz natural para montar acampamento e o fizemos em uma estação abandonada pouco após a altura de Colombo, nesse local já havia uma guarnição de pedras para a fogueira e muita lenha seca nas proximidades. Aleluia! Nessa noite teríamos fogueira, estava quente nem parecia o mesmo local ou a mesma estação, mas mesmo que a fogueira não fosse útil para afastar o frio, manteria os mosquitos longe e nos economizaria algumas pilhas de lanternas, extremamente úteis nos muitos túneis do trajeto.
Fogueira acessa fui atrás de água, Michele ficou encarregada de montar o abrigo. Para não ir longe preferi me enveredar numa mata fechada de onde ouvia o som de água correndo. Alguns arranhões a frente cheguei a um paredão de pedra coberto de líquens de onde escorria do alto uma água fresca e cristalina. Escuto barulhos na estrada, por entre a vegetação avisto as silhuetas de duas pessoas que não distinguia, emito um som de coruja "uoooohhuu" eles param por um segundo, mas sem me avistar seguem a caminhada.
Próximo do nosso acampamento outro casal de malucos fotografa a antiga estação, eram eles que eu tinha avistado na estrada antes. Michele sai para recepciona-los, estavam tentando chegar ao camping a frente, com uma rápida olhada no GPS concluo que não chegariam até o local sem pegar a escuridão da noite nos trilhos. Eles não calçavam botas de forma que na escuridão um tornozelo torcido era certeza. Os convidamos para acampar ali mesmo conosco, afinal a fogueira já estava pronta era só montar acampamento e cozinhar, e assim foi!
Nessa noite fui o chefe da cozinha e tivemos arroz e feijão, e que delícia que estava. Logo após essa beleza de jantar, fizemos chá preto com algumas folhas de bergamoteira, que eu pegará mais cedo, sob aquele lindo céu estrelado, posso dizer que foi melhor chá que tomei na vida.
Na manhã do dia seguinte nós quatro, caminharíamos até o viaduto V13, boa parte desse dia foi de caminhada tranquila no padrão do dia anterior, mas próximo do V13, avistamos grupos grandes com mais de 15 pessoas, numa vibração totalmente diferente, gritavam gargalhavam, rompiam com o silêncio e suprimiam a suave melodia do vento e dos pássaros, cujo canto nos acompanhava desde o início do trajeto. Triste!
Passando pelo túnel dos arcos chegamos ao V13, várias pessoas nessa parte do trajeto nos indagavam de onde vínhamos tão carregados e alguns se mostravam surpresos ao saber que era de Guaporé.
Algumas pessoas com quem conversamos nos falaram de um camping mais humilde em termos de infraestrutura, porém menos abarrotado de pessoas. O camping Paraíso fica localizado a esquerda passando por baixo do V13.
Dentre essas pessoas o ilustríssimo Beto Trindade do veleiro Anarquia que foi muito gentil e solicito, inclusive se oferecendo para nós dar carona até o mercado caso precisássemos reabastecer-nos de suprimentos.
A noite montado acampamento preparei um frango ao molho de quatro queijos e uma panela de arroz branco. Como o cozinheiro apaixonado que sou, acabei salgando um pouco o frango, mas o sabor foi equilibrado com uma lata de milho verde doada por Erick e Gabriela que jantariam conosco.
Depois de jantados e já com a louça lavada, Beto que estava no mesmo camping veio até nós e nos convidou para jantar um carreteiro que havia preparado, não poderíamos fazer desfeita, provamos o carreteiro que estava excelente, tomamos algumas canecas de vinho, jogamos conversa fora até quase 23:00.
Na manhã do dia seguinte, depois de um café reforçado a base de Tapioca e pasta de amendoim, seguimos viagem sozinhos, eu e Michele. Erick e Gabriela ficariam por ali por mais um dia para aproveitar as cachoeiras e dar uma amenizadas nas bolhas dos pés.
A subida do campimg até o V13 foi dureza, teríamos nos arrependido da descida não fossem os amigos que fizemos.
Nesse dia levantamos acampamento tarde, chegamos no V13 as 12:00 e o sol castigava um pouco.
Teriamos que manter um ritmo bom, para chegar em Muçum a tempo do ultimo ônibus para Porto Alegre, paramos pouco e mantivemos um passo acelerado, conseguindo chegar na estação de Muçum as 17:30, movidos a cana que viemos mascando boa parte do caminho.
Chegamos a rodoviária em cima do laço as 18:00, pois o ônibus sairia as 18:15, compramos as passagens e Michele foi atras de algo para comer, na lancheria uma senhora a questionou para onde ia assim tão carregada, Michele comentou da travessia e do peso da mochila a senhora lhe disse:
"Tu é louca, aproveita pra fazer isso na juventude, porque na minha idade eu mal consigo carregar minha bolsa..."
Michele comprou um tal de torradão que de torrada não tinha nada, era na verdade um Xis de presunto e queijo, inclusive o pão era de xis, estava muito bom, mesmo com o balançar do ônibus desceu rendondo.
Vim boa Parte do caminho até Porto Alegre angustiado achando que tinha esquecido a maquina fotográfica na rodoviária de Muçum. Pra minha sorte em Porto Alegre achei a danada, parecia criança no natal.
Parece que não, mas a cabeça também cansa nessas indiadas, teve gente tentando fechar um talo de cana com a tampinha da garrafa de água, neh Michele...
Refúgio de montanha
Camping primeiro dia
Abrigo de montanha gratuito
Melhor opção
Waypoint
Fonte abundante de água
Abrigo de montanha gratuito
Casa com moradores
Queda d'água
Mini cachoeira
Ponte
Segunda ponte por cima
Waypoint
Local de acampamento TOP
Queda d'água
Cachoeira boa
Queda d'água
Local para banho
Waypoint
Estação abandonada
Queda d'água
Fonte de água
Queda d'água
Cachoeira do buraco
Abrigo de montanha gratuito
Acampamento
Abrigo de montanha gratuito
Acampamento
Refúgio de montanha
Propriedade privada
Waypoint
Estação de Muçum
lucasgamaral 19 de set de 2016
Cara, eu fiz essa travessia, em Janeiro de 2016. Foi algo incrível. Recomendo muito. Natureza praticamente intocada e vistas fantásticas. Vale muito a pena.
lucasgamaral 19 de set de 2016
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Informações
Fácil de fazer
Paisagem
Difícil
Uma trilha bem difícil, principalmente porque se caminha sobre os trilhos do trem, cujos espaços não são de um passo inteiro. Além disso, a caminhada tem extensão de aproximadamente 55 quilômetros, que fiz em dois dias. Mas é praticamente impossível perder-se do caminho, porque basta seguir os trilhos. Bastante atenção aos viadutos vazados (Mula-Preta e Pesseguinho). Importante também dizer que há camping com infraestrutura no viaduto Pesseguinho (praticamente no meio do caminho), e há outro camping no V13, que fica uns 15 km do pesseguinho (salvo engano).
Guilherme Beledelli Pellin 27 de jun de 2017
Pretendo fazer essa trilha esse ano...
Adriano Nepomuceno 12 de out de 2017
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Informações
Fácil de fazer
Paisagem
Moderada
O Trajeto é tranquilo, siga os trilhos :)
O ritmo é limitado pois o piso é de brita o que força o caminhante a pisar nos dormentes dos trilhos, o que não permite um passo uniforme.
andersonmcansi 17 de abr de 2018
Trilha cansativa em função dos dormentes do trilho, e das pedras porém fácil em relação a elevação.
andersonmcansi 17 de abr de 2018
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Informações
Fácil de fazer
Paisagem
Moderada
Trilha cansativa em função dos dormentes do trilho, e das pedras porém fácil em relação a elevação.
gabriel oronha 24 de jan de 2020
Chegando em Guaporé(rodoviaria) para onde eu vou ate chegar nos trilhos??
gabriel oronha 24 de jan de 2020
É muito longe da rodoviária ate os trilhos?
Adriano Fonseca 24 de jan de 2020
Gabriel tu não vai até a rodoviária, pedimos para o motorista nos deixar no trevo na entrada da cidade...pra subida do Cristo...